terça-feira, 13 de março de 2012

ESTRELAS EXPLOSIVAS


Jovem agride a Professora

“Uma aluna agrediu uma professora com tapas no rosto dentro de sala de aula e AP[os a divulgação do fato pediu desculpas à educadora e disse que está passando por problemas pessoais. A agressão aconteceu em uma escola na cidade de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais. O Conselho Tutelar e a Superintendência Regional de Ensino estão acompanhando o caso.
As imagens mostrando a agressão foram postadas na WEB e segundo informações, teria começado depois que a professora pegou um bilhete que circulava pela sala. A aluna se levantou, começou a discutir e partiu para cima da professora. A gravação foi feita durante a aula de física do primeiro ano do ensino médio.
“Às vezes, o aluno ao cometer um ato deste, o faz por impulso, vontade de destacar perante os outros alunos, que vai vencer perante o professor. Pode ser que este aluno pode estar com problema em casa, com o pai, com o padrasto, com a mãe”, opinou uma Conselheira Tutelar.”

Quando uma mulher parte para a agressão ao outro, rompendo com a condição de  limite físico e se expondo a riscos agressivos é porque a sua pulsão destrutiva eclode reativamente de forma perigosa relevando os riscos de sua natureza procriadora.

Na vida vemos o homem como um animal projetivo mais agressivo. Suas pulsões mais intensas o levam ao níveis mais radicais e competitivos de atuação na realidade. Naturalmente a força agressiva feminina não é desprezível. Mulheres podem ser tão agressivas, destrutivas e guerreiras como homens. E participando cada vez mais de uma sociedade competitiva, mais elas precisam aprender com os homens a administrar essa força defensiva e reativa.

No passado elas reagiam em explosões de choro e na atualidade elas respondem através de agressões físicas. Se no passado os níveis elevados de tensão produziam descargas emocionais catárticas, na atualidade a reatividade prevalece. Sinal da indiferenciação do meio e de individualidades mal construídas.

A elevada e selvagem competição social, leva as mulheres à elevação dos níveis de vaidade, do narcisismo, dos caprichos, de orgulhos pessoais, de poder e domínio. E as consequências podem ser desastrozas.

 O desequilíbrio e a Descompensação reativa.

Se antes podíamos falar num estado de descompensação que retira o sujeito do eixo que lhe permite uma relação estável com a realidade, agora já podemos perceber uma descompensação reativa que lança o individuo num estado de Insociabilidade Catártica.
Anteriomente a Catarse Emocional, "não destrutiva", prevalecia e mantinha os níveis de sociabilidade conquistados pelo individuo. Agora a Catarse Emocional projetada em forma agressiva e destrutiva, provocada por um Estado de Descompensação, de instabilidade Psy, É Reativo.
A variação de tensão que provocava no individuo a Descarga Emocional Passiva agora promove uma Reação Explosiva Agressiva Ativa.

Podemos precipitadamente pensar que socialmente involuimos para o confronto, mas prefiro acreditar na elevação do desafio da educação em formar seres mais evoluidos. Formar um individuo dentro do Estado atual exige muito mais do que a formação educacional do passado  podia exigir. É mais difícil formar o individuo dentro da civilidade democrática do que  através da ditadura e do autoritarismo.

A tarefa da familia e do Estado foi dificultada e nem um nem o outro estão preparados para o desafio de formar indivíduos mais equilibrados, consistentes, responsáveis e amadurecidos. A educação formal precisa ser repensada dentro da família e dentro da escola.

Ainda não temos noticias de fraca-atiradoras, mas não demora.

A BESTIALIDADE RONDA A CIVILIDADE

 E APRISIONA AS MULHERES EM DESEQUILÍBRIO.


quinta-feira, 8 de março de 2012

ESTRELAS DA TERRA



Hoje é o dia das Estrelas da Terra

Estrelas da terra, do mar, do amar.
Do universo.
Nada tenho para acrescentar, que não o Celebrar!

Por isso vou contar-lhes uma confidência:

EM MINHA VIDA DEVO TUDO ÀS MULHERES
E UM POUCO... Ao meu  querido Pai.

Neste momento em que diariamente mulheres são assassinadas, estupradas, discriminadas, agredidas, ameaçadas, aterrorizadas, preciso fazer uma declaração e um pedido.

A declaração:

Devo tudo, ou quase tudo, às mulheres em minha vida.

Minha mãe, em 1936, com 18 anos já recebia sua formação na Escola de Enfermagem Carlos Chagas renomeada em 1933 Escola de Enfermagem da UFMG, aos 21 anos se formou na Primeira Turma formada pela universidade.

Mulher independente contou com a colaboração de secretárias para criar os filhos, mulheres inesquecíveis que na ausência da mãe nos deram a referência no dia a dia de nossas vidas.

Depois vieram as irmãs da creche e do orfanato, as professoras do curso primário, as amigas, as primas, as namoradas e as mulheres que amei ao longo da vida.

De cada uma guardo um pouco em mim, no aprimoramento da sensibilidade, no gosto pela música, pelo estudo, a dedicação ao trabalho, o afeto, a correção, o respeito e a igualdade no trato com os diferentes e com os menos privilegiados.

Poderia citar outros ganhos.

Por isso me envergonho ao ver homens que odeiam mulheres impingindo-lhes maus tratos.

Me envergonho por que são homens sem noção do significado das mulheres em nossas vidas.

Me envergonho porque são homens desqualificados e doentes e espelham o pior de nossas naturezas.

E por isso eu peço desculpas e relembro-lhes não deixem de denunciar esses canalhas! Eles merecem a condenação.

Quanto a vocês:

VIVA!

Muita vida para vocês, ESTRELAS Fonte de nossas vidas.

terça-feira, 6 de março de 2012

ZOO HUMANO VI





Los Angeles Pussycats - Liga Americana do Lingerie Bowl


E aquelas relações em que não houve intercurso sexual e onde os enamorados se envolvem na paixão? Mesmo que não tenha havido relacionamento sexual a percepção do homem para o odor feminino ultrapassa a realidade do toch ou da intimidade, basta a proximidade. Essa percepção esta além dessa intimidade.

Por exemplo: uma fêmea em estado ou condição de fecundação pode ser percebida por vários homens, e todos ficarão interessados nela. Na verdade, já nos processos menstruais os homens já podem perceber os odores femininos da eliminação ovular e tendem a se mostrar mais solidários e próximos, ainda que em estado menstrual as mulheres possam se mostrar mais desleixadas ou “desinteressantes”. Mas mesmo este momento desinteressante para um grupo de homens pode ser percebido, atraindo os machos que prevejam condições futuras mais propícias ao acasalamento. Mesmo que possam aparecer pouco atrativas as mulheres em estado menstrual podem acionar o alerta de muitos machos em decorrência dessa transformação especial da natureza feminina  como antecedente do periodo fecundante, elas podem ficar menos exuberantes e até agressivas em decorrência das alterações hormonais (TPM), mas os odores exalam com mais poder. Só não percebem os sonsos que se ligam apenas neles mesmos.

domingo, 4 de março de 2012

ZOO HUMANO V



A vagina: Amada, Desejada e Temida

AINDA...

SOBRE OS FEROMÔNIOS FEMININOS  E A FIDELIDADE



As mulheres podem não “saber”, mas elas são exímias especialistas em se utilizar do vício do macho por seus “perfumes”. Neste aspecto, a guerra de poder entre homens X mulheres é decisiva para definir as mulheres como vencedoras.

Esse “poder” quando utilizado com maestria definirá o domínio sobre o macho por um loooongo tempo, às vezes até que a morte os separe.

Seja essa morte o domínio do macho sobre as suas fragilidades, compulsões e vícios, seja a morte do interesse pelo sexo, ou o “Gran Finale”.

O jogo do poder inicia-se na detecção pela mulher da dependência feminina. Ainda que a mulher se perceba também dependente do homem como fonte de prazer, ela tenderá a se superestimar subestimando sua “dependência” e aplicará seu domínio sobre o macho.

Uma das primeiras regras que descobrirá será o de impedir que o macho tenha envolvimento sexual com outras mulheres já que esse envolvimento poderá levá-lo ao desligamento e à dependência de outra fêmea.

Ao impedir essa aproximação do macho com outras vaginas ela mantém o poder sobre ele. Essa se torna a grande arma de defesa do poder: a Fidelidade.

Homens “mulherengos” são mais escorregadios e são mais difíceis de submeterem ao domínio vaginal, pois tendem a serem mobilizados mais pelo instinto, no consumo sexual, do que no compromisso do vinculo afetivo ou social. Sendo escorregadios estarão mais propensos ao vício pela caça e uso da variedade do que à fixação numa única vagina.

Esses “mulherengos” são originariamente caçadores, que tiram mais prazer da caçada e da conquista do que do conforto da parceria. Enquanto que uma parcela de homens se satisfaz com o conquistado e se submete ao conforto da parceria estabelecida, os “caçadores” são permanentemente insatisfeitos, estão mais propensos a”eterna” e insaciável busca da conquista do que suscetíveis ao encantamento da Deusa Vaginal. Estes são mais difíceis de serem seduzidos pois se satisfazem na sedução e de serem manipulados pois preferem a manipulação.

sábado, 3 de março de 2012

ZOO HUMANO IV


Laocoonte e seus filhos
Museu do Vaticano - Roma
Socialização

Aquilo que chamamos cultura, o diferencial entre o primitivo silvestre e o socializado, é a manifestação mais sofisticada da evolução da consciência e que nos permite interagir superando os traços originais da espécie. Enquanto na origem primitiva tendemos para o animalesco, com a aquisição cultural incorporamos mediadores internos que nos permite trafegar entre a nossa origem animal e primitiva e a sofisticação dos comportamentos que nos permitem interagir com o externo em níveis simbólicos mais evoluídos.

Neste caso o simbolismo pode ser compreendido como um mediador entre a natureza primitiva e a natureza aculturada dos envolvidos. Ou seja, o símbolo é mais do que apenas a representação que permite o entendimento e a troca entre os seres mas uma manifestação singular da natureza de nossa origem primitiva em transformação.

Talvez, pela natureza reprodutiva e pela fragilidade, a mulher seja mais tendente à superação da natureza animal do que o homem, penalizado com a força e como mero start reprodutivo.

O biótipo masculino precisa se superar para adquirir a evolução de sua natureza, a sofisticação do social, o desenvolvimento incorporação e projeção de sua natureza simbólica.

O que quero dizer é que as mulheres por origem e natureza tendem, em termos de estrutura simbólica, a serem mais evoluídas do que os machos. Eles precisam se esforçar para superarem a natureza troglodita e selvagem que carregam. Quando isso não acontece pode-se assistir o dilema entre a força que anseia pela evolução e a força que puxa para o animalesco e para a selvageria, o antissocial.

Felizmente homens contem naturezas femininas que fortalecem a natureza simbólica mediadora e mulheres contem naturezas masculinas não lhe impingem senso de princípio de realidade e ousadia, impulsionando-as para o exterior e mediando o encontro de naturezas tão distintas dentro deste universo.

*A image da obra de Art é para  fazer referências às forças internas que enfretamos, no dia a dia,  nos caminhos de nossas vidas. 

Um abraço para a Leila Gruger,  visitem seu blog http://leilakruger.blogspot.com/

quinta-feira, 1 de março de 2012

ZOO HUMANO III






SOBRE O MACHO VICIADO EM ODORES VAGINAIS

Natural que o homem suscetível à dependência do vício do odor feminino, pode ser enquadrado num biótipo Sensorial. Suscetível à dependência do universo das sensações.

Mas isto não quer dizer que o sujeito frio, pouco sensível e pouco sensorial, com predominância mental também não esteja afeito a este tipo de apego e dependência.

Um indivíduo mental pode ser menos afeito à dependência sensorial neste nível mais primitivo, mas estará mais exposto a dependências emocionais, afetivas deformadas e sexuais distorcidas, pervertidas e mais radicais.

À medida em que a natureza pulsional não é saciada na sua demanda original, acionará mecanismos de saciedade de forma mais extremada para romper com a Força dos controles repressivos do individuo. Mesmo que o sujeito busque relações afetivas e emocionais mais distanciadas, se fragilizará na dependência de relações sexuais perversas e bizarras.

A natureza vai empurrar o sujeito para relações estabelecidas em realidades mais estereotipadas.

Já aquele que se assiste comandado por esses movimentos internos acaba tendo a possibilidade de aprender a lidar com forças pulsionais tão poderosas, podendo desenvolver o aprendizado na lida com essas pulsões. Ele é como que agraciado por uma certa parcimônia das forças interiores, tendo a chance de administrar esse fogo eterno das paixões e de realizar as transformações básicas de espírito para acomodar as transformações arquetípicas de inconsciente.

OBS.: O Champagne é apenas para ilustrar a força instintiva, contida e arrolhada. Mas é sempre uma ótima idéia para celebrar.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ZOO HUMANO II


A FEMINA E O SEU PERFUME

Naturalmente, se o odor feminino aciona e mobiliza a fragilidade masculina, mobilizadas através dos odores e manifestada, paradoxalmente, em forma de virilidade fálica e oral, as mulheres não ficam isentas de consequência da ação masculina já que o homem poderá despertar na mulher sua voracidade sexual e portanto colocá-la suscetível à compulsão do prazer e à condição de escrava do prazer acionada pelo macho como objeto sexual e de desejo.

Neste caso ambos se aprisionam na dependência sexual. Um viciado no outro. Quando ambos aprendem a lidar com essa mútua dependência - fonte e acionadora de prazer pelo outro- a relação pode avançar para níveis simbólicos mais profundos e a consequente libertação pessoal e dos desejos.

Mas, se um elemento não aceita a condição de poder do prazer gerado pelo outro, a tendência será uma tentativa de negação que retirará da relação o poder do encontro, na tentativa de manutenção do domínio sobre ele (o outro), promovendo, consequentemente, relações tempestuosas e competivas.

O casal perderá a chance de crescer em parceria. desenvolvendo  transferências negativas e dessa forma caminharão para o distanciamento, perdendo a chance do crescimento e da libertação.

Na  reflexão acima quero dizer que o sexo é naturalmente um buraco de fundo fundo, aprisionador, que nos mobilizará a partir de instintos básicos e primitivos, e o outro nesta brincadeira perigosa pode representar a possibilidade de libertação destas pulsões intensas e definitivas para níveis mais administraveis dos desejos. A possibilidade de escarparmos menos lesados pelos aspectos afetivos, emocionais e passionais de nossa natureza carnal.
E não me venha dizer que basta a renúncia, já que a força desse vulcão quando aprisionada em formas culturais radicais sempre se manifesta de forma pervertida. 




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ZOO HUMANO


CHEIRANDO CALCINHA
Essa é antológica e merece comentário. O acontecimento é do BBB12. Sete dias após a eliminação de Laisa, Yuri seu affair no confinamento se delícia, ansioso e angustiado, saciando a saudade, ou vício, cheirando na calcinha "esquecida" que a amada deixou na casa o que se supõe ser odores vaginais nela contidos .

O acontecimento se dá, vejam bem, no quarto fantasiado de Selva, o que supostamente induz o sujeito a um estágio de consciência pré-histórico, que propicia, neste zoo humano, a vivência aflorada de nossa natureza animal.

Os homens sabem muito bem o que é isso: Os Feromonios vaginais. Feromônios são sinalizadores químicos de atuação entre indivíduos da mesma espécie. Eles podem atuar estimulando estados compulsivos que definem atrativos e principalmente estados profundos de vínculos associados a imagens idealizadas e estimulantes quimicos que propiciam apego e vício pelo outro.

Estes estados  diferenciam os romances platônicos, dos amantes passionais e das paixões fatais. Aa iferença entre vinculos juvenis e adultos.

Um relato:

“...Se eu tivesse tirado aquela infeliz experiência como modelo, nunca mais teria posto a boca em uma vagina. Cara, como fedia aquele troço, parecia que a menina tinha um bicho podre no meio das pernas. Bem, mas felizmente para mim, tentei novamente em outra ocasião, até porque eu não imaginava que houvesse algo de errado com aquilo que ocorreu da primeira vez. E nessa outra oportunidade, e nas demais que se seguiram, a coisa foi completamente diferente, aquele cheiro (ou seria fedor?) desapareceu, e restou um aroma muito suave, quase um perfume, inebriante, e eu desde então não consegui ficar com nenhuma mulher sem ter o desejo de cheira-la, fiquei completamente dependente desse tipo de carícia.”

A PERCEPÇÃO OLFATIVA

A consciência olfativa nos remete às primeiras sensações respiratorias. Na primeira respiração, ainda vinculado ao cordão, as primeiras golfadas de ar vêm acompanhadas dos odores vaginais maternos que ficam registrados na memoria da pele e do olfato.

Naturalmente, cesarianos vivem outras experiências, que é bom lembrar não deixam de ser orgânicas.

Portanto, na Selva, esse jovem apaixonado pelo cheiro vaginal da companheira eliminada, não manifesta nada anormal. Apenas uma tendência masculina e compulsiva de se inebriar nos aromas íntimos femininos e consequentemente estimular a compulsão sexual e o vicio em sua parceira. Neste último caso o Bouquet aprisiona o macho no delírio de sua natureza.

O Jovem Yuri só está começando a sua viagem de aprisionamento e quiça de libertação.
Infelizmente, apenas o conhecimento e a consciência nos separa dos trogloditas e da mediocridade, já que a natureza continua primitiva e animal... Ansiando por evolução...ainda que repetindo as experiências eternas do prazer de viver.

Se o apego ao prazer aprisiona e castiga,
a renúncia  liberta
e de sobra nos amadurece
pois consolida a libertação.



domingo, 19 de fevereiro de 2012

A JUIZA E A POMBA GIRA



A Juiza sagrada e a Pomba Gira do Pecado



Uma imagem já se disse vale mais do que mil palavras, mas para desencargo reflitamos um pouco.

Diariamente convivemos com o Sagrado e o Profano, a Paixão e o Juízo, Desejos e Renúncias, que polarizados nos empuram para uma ponta ou para o seu oposto, Seja para incitar, como detonador da atitude, agente ativo ou como passivo, que submete o sujeito ao comando do poder do desejo, do pecado, da Razão, Renúncia ou Libertação.

A pomba gira nos ronda e no empurra para o profano de forma tão sagrada quanto quando o sagrado nos empurra para o profano para que possamos nos libertar do opositor. A luta entre os opostos que residem em nós.

A jovem que incorpora a pomba gira não é apenas o símbolo do pecado, mas dos desejos que nos envolve com seu canto encantado de prazer e saciedade.

A juíza não é mais apenas a mulher que traz a fonte do renascimento e da maternidade, mas a mão pesada que condena o erro e a inconsequência criminosa.

Enquanto uma nos empurra para o confronto com o desejo ou para a submissão ao profano, nos permitindo a chance da libertação ou a condenação ao aprisionamento nas compulsões, a outra liberta condenando o erro, o equivoco, a insanidade, pois empurra o sujeito para o aprisionamento e condenação impedindo o erro e a insociabilidade.

 Eis, o carnaval entre o Profano e o Sagrado, e a luta entre os opostos para a libertação na União. Quando conseguimos detectar estas pulsões internas e passamos a administra-las para integrá-las, nos afastamos da instabilidade pusilânime dos desejos, que nos livra de sucunbir no inferno das paixões. 

Não há caminho senão através do confronto entre a consciência e a inconsciência dos desejos.O inconsciente anseia pela libertação que a consciencia pode representar.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

HEROINAS E HEROIS




Pintura de Delacroix utilizada no Post


A história humana é épica, portanto não pode prescindir de heróis e heroínas. As diferentes naturezas de homens e mulher nos une no sentido arquetípico do Mito do Herói. Ainda que impulsos internos que mobilizem a ação heroica de machos e fêmeas possam se diferenciar na mobilização da vontade a origem está ligada ao senso épico de nossa essência.

No post anterior fiz referências a mulher cubana (Yoani Sanches) que denuncia o arbítrio na sociedade castrista. Fidel Castro Incorporou o mito do herói que salva seu povo do comando arbitrário, mas contaminado pelo canto encantador do poder, sucumbiu e ao invés de libertar seu povo o aprisiona na fantasia da proteção sustentada na ideologia da luta de classes, na luta do Bem contra o Mal, do oprimido contra o opressor.

Sem perceber que se tornou opressor, eliminadas, ou abatidas, as vozes “dissonantes” masculinas, a força do coletivo retorna na presença da mãe libertadora: A mulher. Quando os homens fracassam ou se equivocam, resta à natureza a mobilização da força da heroína:

A mãe que cuida do filho abandonado pelo pai;

A mulher que cuida do homem enfermo;

A mãe santificada como Virgem Maria” para salvar os AFLITOS sofridos;

A Joana D’Arc que empunha a bandeira da libertação que guia o povo.

Neste momento, quando vemos mulheres eleitas como Governantas de Milhões de humanos, já podemos pensar que o papel feminino cresce em importância coletiva, como melhor alternativa superando os homens que perdidos no encantamento do poder abandonam seus princípios e papel épico de herói em função de prazeres pessoais.

JÁ PODEMOS PRENUNCIAR
(lat praenuntiare)

Os homens, estão se mostrando fracos, vacilantes e inconsistentes.  Esses... Fracos, cansados e abatidos seres sem referências, ainda que inflacionados de Poder, cedem espaços para mulheres que suprem a necessidade básica e humana de referências éticas e de princípios na condução de nossa civilização.

AVANTE MULHERES, A ESPERANÇA RENASCE.
OS HOMENS,

ENFRAQUECIDOS, SUCUMBEM...

COMO VERMES INCONSCIENTES.

Pobres homens!

Obs.: O oposto das heroínas,  são as heroinas descompensadas. post que se segue.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CUBA - A ILHA OPRESSORA, O AI5 E A REFEM



Yoani Sánchez
Minha geração cresceu sob o jugo da Ditadura Militar. E a nossa política foi contra o AI5(Ato Institucional nº5). Um Ato institucional, antes de tudo Anti-Institucional, que enterrava os direitos civis em nome da ideologia Militar da Pátria defendida contra a Esquerda Comunista ameaçadora. Nosso alento foram as lutas estudantís contra a opressão e a favor dos direitos políticos e humanos inalienáveis, o direito à Liberdade de escolha e à livre manifestação, direito ao voto e à escolha dos governantes, ao ir e vir, à impressa livre, etc.Depois de anos de manisfestações, greves e lutas, reconquistamos nossos direitos políticos e escapamos do stalinismo da Direita.

Em nome de proteger as pessoas, e o "Estado"  que  comandam, governantes espalhados pelo mundo ainda se acreditam no direito de privar o ser humano em seu direito básico de ir e vir, de protestar contra a opressão e de denunciar a escravidão ideológica.

Nossa origem é cigana. Assim, nascidos na Africa-Mãe nos espalhamos e conquistamos continentes e ilhas e... chegamos ao Século XXI pra infelismente assitir um governo que se esconde atrás da luta contra o Imperialismo Americano para continuar oprimindo aqueles que, dissidentes Lutam pelos direitos básicos de princípios democráticos, de igualdade e liberdade.

A " ilha" de Fernando de Morais e de outros sonhadores, mostra-se ainda opressora e reafirma sua postura Stalinista, mostra que nunca deixou de ser imperialista subjugando seu povo, obrigando-o a viver sob o jugo dos que se acreditam donos da verdade e do destino dos outros.

O Mundo, não tenho dúvidas, precisa repensar seus sistemas, mas antes de tudo precisamos acabar com essas formas retrogradas de opresão ao seu humano. Os direitos básicos à Liberdade, expressão e ir e vir precisam ser respeitados. O Machismo e o fascismo ideológico e religioso precisam ser eliminados.

A Presidenta Dilma acertou na questão iraniana mas peca ao se omitir na questão cubana. E os esquerdistas brasileiros mostram-se tancanhos e amedrontados. Sabem lutar contra as perversões autoritárias da direita mas borram as calças quando se vêm de frente às contradições esquerdistas.

TOLOS!

Perdem a oportunidade de repensarem seus destinos pessoais, conceituais e ideológicos, suas certezas e "verdades".  Perdem o bonde da história.
VIVA... CUBA LIBRE!



OBs.: Considerando uma entrevista que circula na internet e que tenta desacreditar e desqualificar essa mulher, só posso me referendar ao seu direito de circular neste mundo sem que fronteiras ideológicas a impeçam. Ontem o governo cubano negou-lhe o direito de sair do País. Governos que oprimem acreditam que são unanimidades e por isso se encalacram em armadilhas fascistóides e escravagistas. Cuba sempre representou a esperança de um mundo melhor entre os homens, mas o cerceamento ao direito de um cidadão escolher seu destino mostra que a idealização cubana se perdeu na ditadura castrista. Ficou na Ilusão da luta contra o imperialismo. Que os Deuses tenham compaixão por Fidel, a compaixão que ele deixou de ter pelos seus compatriotas.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

FEMINAS IN PROTESTATU

Ucranianas em Davos

Ucranianas em Davos


Ucranianas em Davos


Ucranianas em Davos


Ucranianas no Vaticano

Protesto em Wall Street

Protesto na Espanha


MULHERES EM PROTESTO


Contra o Establishiment, ainda que muitas lutem pela manutenção da dos privilégios e se mostrem alheias, alienadas

Enquanto umas se esbaldam na inconsciência e no descompromisso, mergulhadas na fogueira das vaidades, outras navegam na modernidade, assumindo posturas e atitudes de vanguarda e de transformação do mundo.

Enquanto uma massa indiferenciada se perde na sustentação do conceito de mulher como objeto, uma tropa de mulheres diferenciadas se entregam ao redor do mundo em ações consistentes, em lutas libertárias e assumem o poder de mulheres que lutam para transformar o mundo, consolidando o direito de viverem como seres livres e independentes numa sociedade mais comprometida.

São diferenças nessa modernidade exaustiva, descompensada, mas inegavelmente...Excepcional.

NADA SERÁ COMO ANTES...


*Alienação sf (lat alienatione) 1 Ação ou efeito de alienar; alheação. 2 Cessão de bens. 3 Desarranjo das faculdades mentais. 4 Arrebatamento, enlevo, transporte. 5 Indiferentismo moral, político, social ou mesmo apenas intelectual.

**Establishment, em sentido mais abstrato, refere-se à ordem ideológica, economia e política que constitui uma sociedade ou um Estado.
Em sentido depreciativo, designa uma elite social, econômica e política que exerce forte controle sobre o conjunto da sociedade, funcionando como base dos poderes estabelecidos. (fonte: wikipédia)

sábado, 31 de dezembro de 2011

PEQUENA MENSAGEM ÀS DESESPERADAS, ANGUSTIADAS, MAL AMADAS, SOLITÁRIAS...

Feliz 2012

Existem momentos coletivos, como o que agora vivemos, em que muitos, envolvidos nas celebrações se permitem se levar ao sabor dos festejos enquanto outros, calejados pelos sofrimentos, se sentem mais achatados, desconfiados e distanciados da alegria e do encantamento passageiro.


É para estes que me dirijo, com o carinho e a compaixão que penso possuir.
O ano pode ter sido duro, penoso, e as dificuldades podem ter sido permanentes, sem oferecer tréguas e descanso;

As perdas podem ter vindo inesperadas e surpreendentes abatendo e destroçando a suave proteção emocional conquistada;
As dificuldades para a sobrevivência conturbaram a mente tornando as noites intranquilas e o sono atormentado;

A prosperidade ansiada não veio ficando esquecida em algum canto escuro, no mistério da noite;

As enfermidades vividas fizeram a existência doída e sofrida fragilizando a confiança e o otimismo;

Os amigos sumiram, em busca de seus sonhos irreais;

As escolhas decisivas podem ter sido infelizes, levando a impasses e batalhas inúteis;

A sede de viver ficou aplacada afastando a fé e a esperança em si contida;

O coração ficou como que insensível, ainda que se emocione com lembranças que eclodem como fantasmas;

O tempo, ora parado na dor, ora veloz como o corte da navalha marcou em cicatriz a pele cortada;
Mas... NÓS SOBREVIVEMOS!

Como seres Sobre-Humanos ainda estamos vivos, respiramos, sentindo frio ou encharcados, aquecidos ou mal amados, mas vivos.
Chegamos até aqui numa caminhada que parecia impossível, num arrasto inenarrável, mas... Chegamos. E isto não é pouco.
Mais um ano de experiências, de batalhas, de desafios.

Por isso, mesmo que solitário, celebre sua vitória, contra as forças que o subjugaram, desafiaram e que lhe impuseram uma estrada cheia de percalços e dificuldades.

Celebre a vitória ainda que as fragilidades resistam;

Celebre... PORQUE NÓS ESTAMOS VIVOS

Sobrevivemos à violência das estradas, dos drogados, dos trogloditas, dos egoístas, dos corruptos, dos políticos.

Sobrevivemos a este estado perverso e a esta sociedade que se mostra, a cada ano, mais desumana.

Sobrevivemos... Como o planeta sobrevive à sanha dos homens: Como guerreiros.

CELEBREMOS, SÓS OU ACOMPANHADOS, NÓS MERECEMOS.

E aos que neste ano conquistaram outras vitórias; A Liberdade; A Prosperidade; O Amor. Que avancem no Equilíbrio, na Renúncia, na Compaixão, na Tolerância, na Humildade para que consolidem a Paz e as Conquistas.

FELIZ 2012



sábado, 19 de novembro de 2011

A JOVEM MULHER EGYPCIANA

                                Aliaa Magda Elmahdy
 http://arebelsdiary.blogspot.com/?zx=f382f80df77113da

A NOTÍCIA:

"Blogueira publica fotos nua e provoca indignação no Egito"  Fotografias de ativista de 20 anos causaram conflito partidário na campanha política entre conservadores islâmicos e liberais.


A REFLEXÃO:

A mulher, matrix do mundo, poder de transformação da natureza, se manifesta nas arábias como Eva, ao natural, para que todos possam ver na sua grandeza, pureza e integridade o fruto do poder da criação. Superando as resistências culturais das tribos semi-globais transforma o olhar no mundo com sua coragem.


Independente de questões políticas e culturais ou religiosas me  solidarizo  ao seu direito à liberdade na esperança que outra penca de mulheres escravizadas ou aprisionadas, mundo afora, possam tambem experimentar o direito de serem livres de amarras das redes fascistas.







quinta-feira, 20 de outubro de 2011

LANÇAMENTO

Olá Amigos!


Comunico-lhes o Lançamento do livro 100 Temas 100 Razões, escrito por mim e por Simone Robson. A partir do dia 27/10/, o livro poderá ser encontrado no site da Livraria Cultura ou adquirido no Blog  http://alinguagemdossonhos.blogspot.com/ .



“100 Temas, 100 Razões – A Providencia Divina”, nasceu de um olhar sobre os caminhos e descaminhos da sociedade, e da reflexão dos autores sobre a relação entre uma sociedade atormentada, sofrida e dissociada, o avanço tecnológico da modernidade, o divino e o sagrado que nos envolve, agrega e confronta.

A partir de uma análise de cem temas que envolvem o dia a dia da pessoa comum, os autores se propõem a pontuar questões fundamentais para que o indivíduo reencontre o caminho com sua natureza interior e com o sentido sagrado. Para que reconectando-se a partir de atitudes e comportamentos sintonizados com a origem da espécie, possa encontrar soluções para uma vida mais saudável e equilibrada, sem abrir mão de referências coletivas interiores essenciais.

Desta forma, possa o individuo, estabelecendo relações referendadas em preceitos, se reconectar e sincronizar o sentido de viver, favorecendo condições psicobiofísicas para receber o essencial que a natureza tem a lhe oferecer.

O livro é constituído de reflexões sobre a complexidade da sociedade moderna que induz indivíduos ao Fio da Navalha e oferece alternativas de sobrevivência emocional, para que cada um não caia em armadilhas ao sofrer o impacto devastador dessa sociedade trituradora de indivíduos.”

Eduardo Andrade





sábado, 23 de julho de 2011

ADEUS AMY




                                                     +    14/09/1983  *  23/07/2011



Parafraseando Renato Russo, "os bons morrem jovens", infelizmente não tão bons para se cuidar.

Às vezes a sensibilidade se torna uma armadilha. A realidade se torna penosa, e a criatura se protege nos amortecedores que levam à autodestruição. Isto não os faz melhores nem piores apenas mais suscetiveis ao fim precoce.

Amy passou como um Flash, com sua voz de sereia encantadora denunciando a força e o peso de uma realidade cruel.

Quem  se tornou orfão de Janis Joplin reencontrou em Amy uma força vocal viva de mulher liberta e dona de sua vida, um vulcão vocal encantando quem se permitia ser encantado.

A Voz Suprema, Poderosa, Suave, Melodica e Vigorosa e visceral se cala.

O mundo não sabe amar seus filhos diletos e essas criaturas não dão conta deste mundinho tolo exigente.

Amy foi a celebração musical, produto esplêndido da natureza em forma de carne e osso, mas a perfeição se desfaz e vira pó.

Fica a lembrança em forma de herança para a humanidade eternizada em memória.

O peso de seu poder musical a dilacerou. Ela sucumbe frágil e delicada como muitos outros espalhados pelo mundo.

Adeus Amy, e obrigado é a minha homenagem póstuma, como anônimo, a esse ícone da modernidade.


E fica o alerta para que pessoas tão sensíveis não se percam neste labirinto: Criem resistência para não sucumbir às armadilhas do imaginário. Seres humanos, ícones ou não, precisam se fortalecer para não sucumbir à ilusão da realidade humana.

 Obs. a foto é registro do dia em que apresentou ao mundo seus novos e  eloquentes seios devidamente siliconados. 


sábado, 4 de junho de 2011

ANIMA MUNDI


                                                             The Coronation of the Virgin
Guido de Pietro - Louvre - Fr.


Santa Maria

Santa Madre de Deus

Santa Virgem de las Virgens

Filha dileta do Pai

Mãe de Cristo Rei

Glória do Espírito Santo

Virgem pobre e humilde

Virgem sensível e obediente

Escrava do Senhor

Mãe do Senhor

Colaboradora do Redentor

Digna de Graça

Fonte de Formosura

Conjunto de todas as Virtudes

Fruto da redenção

Discípula perfeita de Cristo

Imagem puríssima da religiosidade

Imagem do frescor e da jovialidade

Mulher vestida de sol

Mulher coroada de estrelas

Senhora da dignidade

Senhora cheia de Clemência

Fonte de compaixão

Nossa Senhora

Alegria do povo

Esplendor do Espírito

Honra do gênero humano

Advogada de Graças

Distribuidora de piedade

Auxiliadora do povo de Deus

Rainha da caridade

Rainha da misericórdia

Rainha da paz

Rainha dos homens

Rainha dos Profetas

Rainha dos Apóstolos

Rainha dos Mártires

Rainha das Virgens

Rainha de todos os Santificados

Rainha concebida sem pecado original

Rainha do mundo, DO CEU E DO UNIVERSO.

*****

ANIMA MUNDI QUE VIVE DENTRO DE NÓS

TENDE PIEDADE DO CALVÁRIO HUMANO

sábado, 8 de janeiro de 2011

A FESTA PROFANA

Luana Campos 24 anos
eleita Rainha do carnaval de São Paulo
Escola de Samba Arco Iris

Depois de seis meses ausente sem postar no blog,
não há como não celebrar a mulher brasileira,
a mulher do mundo
nesta imagem iluminada do fotografo Marcelo liso.



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

LEILA DINIZ


          Leila Diniz - foto de Paulo Garcez
Essa foi a foto utilizada pelo tablóide

Ontem fui dormir pensando em finalizar a existência do blog,e hoje amanheci com Leila Diniz, morta aos 27 anos de idade. Leila foi musa de minha geração, mulher com M maiúsculo que representou mudança no comportamento feminino. Uma geralçao de Mulheres excepcionais que vieram para transformar este planeta. Hoje podemos encontrar, por aí, as filhas dessa geração de mulheres maravilhoas nascidas na década de 1950 no pós Segunda Guerra, as  filhas das Leilas, das Marias, das Terezinhas, das Ines, das terezas da praia estão por aí,  espalhadas, às vezes muito parecidas, às vezs mais avançadas, às vezes negativo infiel, mas inegavelmente mulheres.

Guardadas as diferenças de cenário e geração, Leila foi dessas pessoas privilegiadas que nascem além do seu tempo e têm a coragem de pagar o preço da diferença.

É com ela que me despeço, quem sabe, deste espaço Os acontecimento me levam a esta mudança, e para me despedir preparei uma homenagem às mulheres relembrando uma entrevista desta que foi uma precursora  da moderna atitude feminina diante da vida e da sociedade. Como bem o disse Carlos Drumond, ela veio para libertar as mulheres do tronco da escravidão.

Espero que o blog tenha favorecido o crescimento, e o enriquecimento daqueles que passaram por aqui.

Estarei, ainda, no blog A linguagem dos sonhos  antes de me silenciar definitivamente.

Como no último ano a minha produção reflexiva foi intensa, preciso reunir o material para trabalhá-lo e lapídá-lo um pouco mais e exigências da realidade me puxam para mudanças significativas. Por hora, agradeço aos que me acompanharam nesta jornada. 

e curtam essa entrevista histórica, colhida nos meus arquivos pessoais, do Pasquim feita à 40 anos.

  25/03/1945... 14/06/1972

        Leila Diniz Como Estátua da Liberdade brasileira
foto do Pasquim edição 52/Junho 1970



N° 22 - NOVEMBRO 1969               Entrevista                  LEILA DINIZ

Leila Diniz é chapinha d'O PASQUIM e sua entrevista é mais do que na base do muito à vontade. Durante duas horas ela bebeu e conversou com a equipe de entrevistadores numa linguagem livre e, portanto, saudável. Seu depoimento é o de uma moça de 24 anos que sabe o que quer e que conquistou a independência na hora em que decidiu fazer isto. Leila é a imagem da alegria e da liberdade, coisa que só é possível quando o falso moralismo é posto de lado.

SÉRGIO CABRAL- Qual é o autor com quem você gosta de trabalhar?

LEILA -Paulo José. Essa é mole de responder.

TARSO DE CASTRO -Seu primeiro filme foi o do Domingos não foi?

LEILA- Todo mundo pensa que, de repente, o Domingos botou essa mulherzinha lá pra trabalhar e foi a glória da vida. E realmente o Domingos foi a glória da vida, foi porreta paca fazer o filme. Mas antes eu fiz dois filmes: aquele alucinante "O Mundo Alegre de Helô" e um da Sílvia Pinai, do Alcoriza. Um que eu fazia a empregadinha. Como é que chama? Do Luiz Alcoriza, aquele cara que foi assistentedo Bunuel. O filme era uma (*) incrível. O nome era "Jogo Perigoso". Tinha dois episódios e eu fazia um deles. Quando Domingos resolveu fazer "Todas as Mulheres do Mundo", eu já estava existindo mais como atriz.

TARSO- Mas você passou muito tempo sendo a mulherzinha do Domingos, professorinha, etc.

LEILA -Não foi muito tempo, não. Eu comecei com o Domingos lá por 62, fins de 61. Me lembrar de data é (*) pra mim. Eu era professora mas zoneava bastante por aí. Eu conheci o Domingos porque namorava um rapaz de teatro, o Luis Eduardo. Naquela época , ele estava fazendo a peça do Domingos, "Somos Todos do Jardim de Infância". Eu estava voltando ao namorinho com o Luis Eduardo mas conheci o Domingos e dei aquela decisão. Durante a peça, eu já estava na do Domingos, não é? Daí a gente juntou, teve aquela zorra toda... Porque eu sou solteira, não é? Sou casada (*). Eu fiquei com o Domingos sendo professora, e ainda estudando porque estava fazendo o clássico à noite. Eu ensinava de dia. Fiquei com o Domingos uns três anos, durante um ano e meio eu ainda era professora, depois já era atriz. Como a gente era muito duro, o Domingos escrevia para a "Manchete", jornal, (*) a quatro, escrevia peças e aquelas coisas, a gente não ganhava dinheiro nenhum e eu ganhava pouco também como professora, então eu fui fazer anúncio. Trabalhei numa agência de modelo e fiz figuração de filme pra (*), aqueles filmes americanos todos alucinantes. Fiz anúncio de Coca-Cola, andei de Volkswagen, usei desodorante Van Ess na (*), todas aquelas coisas alucinantes. Ganhava um dinheiro por fora. Não foi através do Domingos. Entrei fazendo ponta em Grande Teatro Tupi, Teatrinho Trol etc. Puxa! Teatrinho Trol naquela época! Eu acho que estou ficando velha. Bem, aí fiz "Todas as Mulheres do Mundo"; quando a gente fez o filme, já estava separado.

TARSO -Você prefere fazer cinema ou novela de televisão? Porque cinema é meio chato, demorado.

LEILA- Que é isso? Você está falando isso pra me provocar ou acha mesmo? Cinema é a glória. Olha, Tarso, às vezes, as pessoas gostam de dizer: isso não tem sentido. Eu acho que eu é que não tenho sentido. Eu gosto pra (*) de fazer novela e de fazer cinema. Pra mim, não tem a menor importância representar Shakespeare, Glória Magadan ou o que for, desde que me divirta e ganhe dinheiro com isso.

JAGUAR -Você acha que teatro é um saco?

LEILA -Acho que teatro é um saco. Mas não posso dizer isso porque nunca fiz um troco porreta em teatro. Só fiz papelzinho, papel pequeno. Eu comecei em teatro. Eu comecei com a Cacilda. Ela veio ao Rio fazer "O Preço de um Homem", o Vaneau fez teste e eu fiz. Foi em 64. Eu vou fazer 5 anos de atriz.

JAGUAR- Com quantos anos você está?

LEILA -Vinte e quatro. Bem: eu entrei com a Cacilda. Quando entrei, eu não manjava muito da coisa. Entrei porque não tinha ninguém mais. Era muito fácil fazer teste: não tinha ninguém mais concorrendo e eu passei. Entrei lá muito de alegre, chorava pra (*) em cada ensaio: "Não sei fazer isso, é (*)", etc. Entrava em cena, morrendo de pavor, mas acho teatro chato: aquela coisa de fazer toda noite a mesma coisa. O que acho bacana em cinema e televisão é isso: eu me divirto muito, trabalhando. Geralmente, faço uma zona incrível onde eu trabalho e trabalho sempre com gente que eu gosto. O meu critério de escolha é esse: eu não escolho por peça, autor, diretor ou papel. Escolho pela patota e pelo que eu gosto. Por exemplo: fiz um filme de cangaceiro agora e muita gente disse: que é isso, Leila, filme de cangaço, troço cafona, você é louca. Pois foi a glória da vida. Eu tinha o maior (*) de fazer filme de cangaço. Achei sensacional. Trabalhar com Domingos, por exemplo, é divertidérrimo. "Todas as Mulheres" foi muito duro. A gente estava separado só há um ano, ainda estava naquela fase de se xingar: filho da (*), seu cornudo, foi você que foi culpado, não foi, foi você, aquela zorra.

JAGUAR- Dizem que ele fez o filme com o objetivo de apanhar você de novo.

LEILA- Não foi não. Não acredito. Foi uma coisa que o Domingos precisava botar pra fora. Realmente ele gostava de mim ainda, estava me querendo ainda – mas eu sabia que era melhor a gente ficar separado porque se a gente ficasse separado, a gente estava salvando um amor. Isso pode ser bonito demais mas é verdade. Tanto é que salvou: a gente ainda se ama, mas se estivesse junto, estava dando porrada um no outro, estava se odiando.

SERGIO -No filme, você também é uma professorinha. Além disso, foi criado algum outro elemento biográfico no filme? LEILA Mil coisas. Domingos usou troço paca. Coisas da vida da gente, fases da gente. No fundo, eu acho que foi por isso que o filme teve sucesso. Tudo que é muito fundo da gente, muito verdade da gente, funciona e passa, seja (*) ou não. Nãotem nada a ver com isso, mas agora eu me lembrei do Zé Mauro Vasconcelos. Está vendendo paca e eu resolvi comprar aquele Frei Abóbora da vida e ler. O negócio tá sendo aceito paca, você tem de saber por que. No início, achei chato, aquele negócio de Deus. Misticismo é um negócio que me cansa, acho porreta prós outros, mas não consigo entrar nessa. Mas depois eu vi que tem um negócio tão forte dentro do cara que deve ser verdade pra ele - e por isso passa pras pessoas. "Todas as Mulheres do Mundo" tem isso: é um filme ingênuo, uma história de amor que inclusive acaba bem, mas que tem muita verdade, de coração, de útero, do estômago, etc. E saiu. A gente se deu porrada paca pra fazer.

SÉRGIO -Aquela festinha de aniversário no final, era o ideal da vida de vocês, do Domingos e sua?

LEILA- Seria, se a gente continuasse casado, tudo bacana. Meu, não foi tanto é que eu me mandei e não fiquei casada com ele. Se fosse eu estava lá e tinha sete filhos. Não tenho nenhum. Mas tem muitas coisas: aquela festa de Natal, por exemplo. Eu nunca tinha ido à festa de Natal; detesto. Eu não conhecia Domingos, conhecia só de Teatro Jovem, aquela badalaçãozinha. Eu soube que tinha um cara dando uma festa de Natal prós amigos, sem mãe, nem avô, nem tia chorando e resolvi ver. Cheguei às oito horas da noite e perguntei: É aqui que tem uma festa de Natal? Nunca tinha visto o cara, não é? Ele estava evidentemente sozinho que festa de Natal não começa às oito da noite, ele disse: tem mas não é agora, é depois, todo mundo vai à ceia com os pais depois vem pra cá. Eu disse: ah bom, se é assim vou ficar aqui e esperar. Ele disse: tá legal, eu vou sair, depois volto. Aí ele saiu, foi pra casa da mãe dele e eu fiquei, embrulhando os presentes dos amigos dele. Mais tarde, começou a festa e nós nem nos vimos. Ele galinhou com o mundo, eu galinhei com o mundo, não teve nada. A gente simples mente se encontrou. Às seis da manhã, eu estava inteiramente de porre dormindo numa poltrona, ele estava inteiramente de porre dormindo no chão. Como estávamos dormindo os dois, resolvemos dormir juntos.

JAGUAR -Como diz a Zsu-Zsu Vieira, aconteceu o inevitável.

LEILA- É: o inevitável. Passamos o dia de Natal (*). Então, ele botou a festa de Natal no filme, mas de outra forma, mais bonitinha talvez - sei lá.

SÉRGIO- E você casou de novo, depois, com alguém?

JAGUAR- Quantos casos você já teve, depois da separação?

LEILA- Casos mil; casadinha nenhuma. Na minha caminha, dorme algumas noites, mais nada. Nada de estabilidade.

TARSO - O que você acha do Domingos como diretor?

LEILA-  Acho excelente. Principalmente como diretor de ator.

TARSO-  Ele não é meio água-com-açúcar?

LEILA- Não, pó! Eu conheço o Domingos tanto. O que as pessoas não vêem nele, eu vejo. É difícil você falar de uma pessoa com quem você viveu. Você vê mil trecos que os outros não vêem. Agora: eu acho que o Domingos ainda tem muita coisa que ele precisa botar pra fora. E está, nofilmes dele, entende? Daqui a uns tempos, ele vai estar do rabo, vai ter botado pra fora uma porção de coisas.

JAGUAR- Você já viu o último filme dele?

LEILA- Ainda não. Vou ver esses dias. Diz que é muito triste. Agora, como diretor de ator, o Domingos é excelente. Não tem melhor. Eu não conheço. Domingos dirige ator sensacionalmente, porque ele é muito humano, muito gente, então ele pega no que você tem pra dar, usa aquele negócio, te ajuda... É do rabo. Você viu o Hamilton em "Edu Coração de Ouro"? Eu disse: Domingos, o Hamilton é um cara que tem troço paca pra dar. Ele disse: deixa eu ver, tem esse papel que ele pode fazer. Usou o Hamilton como ator e ele está bem pra (*) no filme, não está?

JAGUAR- Ele queria que eu fizesse papel de padre.

LEILA- E deve estar certo.

JAGUAR- Vamos a uma comparação: você diria que o Domingos é o José Mauro

Vasconcelos do cinema brasileiro?

LEILA- Vai a (*) que te (*). Não tem nada a ver. O Domingos é mais bacana.

JAGUAR- O que você achou de trabalhar com o Nelson Pereira dos Santos?

LEILA- Nelson é a doçura da minha vida, amor, carinho, tudo o mais.



JAGUAR- Em relação ao aspecto de direção de atores que você falou do Domingos.

LEILA- Acontece que eu não vejo só isso pra trabalhar com um cara. O Nelson como diretor de ator é fogo. Quando eu fui fazer "Fome de Amor", eu fui muito prejudicada na primeira metade do filme. Eu estava esperando ser dirigida como eu estava acostumada e o Nelson não é de dirigir ator. Ele te usa mesmo. Depois que a gente entra na dele, aí a gente fica sabendo o que fazer. A gente diz: estamos aí, você abre o coração, as pernas, os braços e vai. Acho que assim é que tem de ser. Acho que o Nelson é o diretor de cinema mais lúcido, mais maduro e mais inteligente do Brasil. Porque tem uma (*) experiência, é muito inteligente, sabe das coisas paca e não envelheceu. Você vê: vários diretores da época dele envelheceram. Nelson, não: ele se renova, é uma pessoa muito aberta. Trabalhar com ele é muito difícil, muito perigoso. Ele põe você comendo grama e você inventa em cima disso e aí ele usa ou não. Eu acho que em "Fome de Amor", eu fiz um dos meus melhores papéis.

JAGUAR- Eu também acho.

LEILA- Bacana que você ache. Bacana porque as pessoas não acharam tanto, não. Foi muito difícil entrar na do Nelson. Ele queria de mim justamente a minha abertura, a minha agressão, a minha alegria, a minha energia. No momento que te pedem isso na cara, você "zauze", o que é que esse cara está querendo, qual é a dele? Eu nem conheci ele. Mas, depois, eu entrei na dele, do meio do filme pra lá.

TARSO- Foi na época que você namorou o Arduíno?



LEILA- O meu treco com o Arduíno foi agora, em Parati. Mas eu não estava namorando ele, não. Estava namorando o assistente de câmera.

JAGUAR- Qual dos seus papéis que você gosta mais?

LEILA- Sei lá. Acho que é de "Todas as Mulheres do Mundo", porque é um treco tão ligado a mim, que eu vejo com tanta ternura, tanto carinho. Eu sou muito (*) nessas coisas. Eu li o Frei Abóbora, picham muito mas eu chorei paca. Eu sou capaz de assistir novela e chorar. Eu choro em "Funny Girl", eu choro paca. Então, "Todas as Mulheres do Mundo" tem tanta ligação comigo, tanta ternura, que é o papel que eu gosto mais.

SÉRGIO- Você sabe que convidaram a Shirley MacLaine pra ir num enterro e ela disse que não ia porque chora até em exposição de automóvel.

TARSO- Você disse que achava teatro chato. Eu também acho. Você ainda vai a teatro?

LEILA- Eu vou muito pouco. Geralmente eu durmo. Eu fui assistir a "Oh Que Delícia de Guerra" com a Marieta e ela me cutucava o tempo inteiro porque eu dormia e as pessoas faziam um (*) barulho em cena, não é? Eu dormia alucinantemente. Quando eu estou representando em teatro, tenho vontade de parar e fazer careta pra plateia e dizer: o que é que vocês estão aí me olhando, o que é isso?

JAGUAR Mas você não está entusiasmada com esse "show" que você vai fazer no Poeira?

LEILA- Eu estava dizendo que sou uma pessoa sem sentido porque meu sentido é esse: eu gosto de me divertir, pó. Esse "show", "Tem Banana na Banda", vai ser divertidérrimo. Eu, Maria Gladys e Aninha - pode ter coisa mais engraçada? Millôr, Maciel, uma patota que a gente adora escrevendo. Eu vou me vestir de baiana, eu vou morrer de me divertir e isso vai me dar alguma coisa como atriz também.

JAGUAR- Vai ter "striptease"?

LEILA- Não sei. Se tiver eu também faço, pó. Vai ser uma zona total. É como o negócio de fazer o filme em Parati. A gente foi fazer esse filme em Parati e eu nem sei quanto eu vou ganhar. Ainda nem fiz o contrato. O filme já acabou e nós vamos dublar agora. Mas a gente estava em Parati. Era Nelson dirigindo. Arduíno, Bigode, Aninha, Isabel, cachaça, peixe, aquela zona; andar descalça, não pentear o cabelo, fazer cena do jeito que a gente resolve... Meu papel não existia, não é? Nelson inventou; ele inventa sempre um papel pra mim. Ele diz que agora eu vou estar sempre nos filmes dele porque ele gosta muito do meu estouro.

TARSO- Você gosta de mulher?

LEILA- Gostei de mim, quando fui tomar banho pelada de noite e tem aquela água que fica brilhando com a lua. Você quer morrer: fica com aquelas gotinhas prateadas no corpo; divina e maravilhosa. Parati é alucinante. Ainda mais com aquela patota.

TARSO- Você já foi, com "Todas as Mulheres..." a atriz mais popular do cinema. E talvez ainda seja, hoje. Num país civilizado, você seria muito bem paga. E aqui? Você vive bem hoje?

LEILA- Realmente, aqui é fogo. A gente está num país tropical, azar o nosso. Esse negócio de atriz fazer sucesso não adianta. E eu sou muito (*). Eu não sei pedir, não sei ganhar dinheiro. Não nasci pra isso. Tem gente que nasce e sabe. Não sei fazer um contrato. Por exemplo: eu agora queria vir pró Rio. Nem sei quanto vou ganhar. O cara vai me oferecer menos que eu ganhava em São Paulo? (*): não sou bem paga, muito por minha culpa. Claro, é culpa da estrutura, etc. Mas minha também. lona, Regina Duarte, etc. ganham dinheiro. Eu não.

JAGUAR- Um agente não resolve esse problema, não?

LEILA- Deve resolver. Mas a gente enche.

TARSO- Quanto você está ganhando por mês, em média?

LEILA- Juntando televisão cinema e tudo, eu ganho uns dez milhões. Quando recebo.

TARSO- A televisão não paga em dia, não é?

LEILA- Antigamente, pagavam sempre. De uns três meses pra cá, eu ando muito (*) porque a Excelsior se (*) e eu junto. Nós fizemos mil reuniões em sindicato, íamos fazer uma greve e tudo. Mas desistimos de fazer porque se fizéssemos, a Televisão fecharia. Eu acho muito, muito chato porque televisão era o único meio da gente ganhar dinheiro. Em cinema é difícil porque quando a gente vai fazer cinema com gente que a gente gosta, são geralmente pessoas (*), Nelson, Domingos, etc. A gente sabe que essa patota não tem dinheiro. Por que é que eu vou cobrar? Não vou, claro. Quando eu faço um filme de alguém que tenha dinheiro, eu cobro mais. Televisão que era o nosso único meio agora está entrando pelo cano: tem muito poucas, a Globo, talvez a Tupi e um pouco a Record. Então, está (*). Pra entrar lá, você tem de (*) pra todo mundo. Ou então você tem de ser muito inteligente de arranjar um jeito, sei lá. Você vê atores geniais trabalhando por uma (*). Mas não ganho maravilhosamente bem quanto poderia.

SÉRGIO- A que você atribui isso?

LEILA- O mercado de trabalho é muito pequeno. Se você vai à TV Globo, eles dizem isso pra você: tem vinte atores pra fazer o teu papel. Se você não aceitar fazer por x, (*-se) porque sempre tem um que está morrendo de fome e vai aceitar. E aí tem de falar do Brasil, não é? E daí é (*), não pode, não é?



TARSO- Quer dizer que o pessoal de televisão tem exigências não profissionais? Ficam querendo faturar as moças, é isso?

LEILA- Não está tanto mais assim, não. Já esteve muito. A mim, nunca quiseram, porque eu mando logo tomar no (*). Quando eu quero, eu vou com o cara. Comigo, não tem esse negócio de ninguém querer, não. Quer dizer: pra mim, não tem. Talvez tenha pras mocinhas que estão começando. Eu não sei, não. Tem é muita zona em volta que não é negócio do (*), que talvez fosse até mais fácil, você chegava lá e pronto, afinal (*), não é tão ruim mesmo. O que tem é toda uma paparicação que é desagradável, entende? Você tem de jantar com fulano, conviver com sicrano, bater papo, tomar uisquinho, nhem, nhem e tal. Isso existe muito mais do que o dar. Está até fora de moda esse negócio de (*).

SÉRGIO- Você é uma mulher extraordinariamente bonita e faz papéis "sexy" no cinema. Em consequência, você recebe muitas cantadas aí pelas ruas, nos bares da vida, praias, etc.?

LEILA- Recebo muitas. Aliás, acho uma (*) fazer papel "sexy". O negócio não tem nada a ver com fazer boquinha, carinha, etc. O negócio é outro: um negócio de pele, olho, um negócio que eu não sei bem o que é, não. Mas recebo cantada, sim. É muito engraçado. Às vezes, enche. Em São Paulo, você recebe muito mais. Se eu quisesse fazer (*), eu estava rica. Em São Paulo, o que liga pro hotel é industrial, fazendeiro, etc. pra dizer: então vamos jantar e tal. A gente tem de dizer: companheiro, o caso não é esse, não é bem assim, etc. Eu fico danada. Um dia disse pra um cara: meu amigo, se você por acaso me encontrasse, fosse ao cinema, fosse jantar, etc. eu podia até dar pra você, mas assim não. O cara naquela de vamos e tal, aí já fica chato paca, não é? O cara está querendo pagar fica uma (*), deve ser um (*) de cama.

TARSO- E o chamado fã? Incomoda muito?

LEILA- Não. Acho que ator que diz isso está mentindo. A gente acha muito bacana ser reconhecida na rua, que digam: olha, assisti ao seu filme, vejo a sua novela. Só tem um lugar que me incomoda: é na praia. Eu gosto de ficar na praia à vontade, quero ficar muito livre, deitadinha, tomando sol, caio n'água, cai biquini e tal, e aí é muito chato quando vem aquele fãzinho esperando uma imagem sua e vê aquela zona toda. Mas fora disso, me entendo muito bem com os fãs, não tem problema, não. Mas eu tenho muito fã criança e eu sou vidrada em criança.

JAGUAR- E cartas de amor, propostas de casamento, etc.?

LEILA -Tem algumas alucinantes. Tem um rapaz que me escreveu dizendo que ia se suicidar se eu não respondesse pra ele.

SÉRGIO- Você respondeu?

LEILA Respondi, claro. Ele é filho de um general. Eu li: ele dizia que era filho do general fulano de tal, estudava pra detetive. Aí eu falei: malandro, se eu não respondo, o cara se mata e eu pego a carga, sei lá. Respondi dizendo que ele era um bobo não tinha nada de fazer isso, estava ficando louco, ele que assistisse às minhas novelas. (*)(*) que quisesse, eu não tinha nada a ver com isso.

SÉRGIO- Mas os fãs não lhe cantam?

LEILA- Fazem um certo charme. Dizem que vêem meus filmes, lêem minhas entrevistas. E como todas as minhas entrevistas dizem "Leila, a mulher livre", "Leila, a mulher que faz o amor", "Leila que é independente", etc., todo mundo fica achando que eu sou aquela (*) da zona, não é? E realmente os moçoilos ficam um pouco interessados. Mas aí eu dou aquela de: não é nada disso, rapaz, que é isso, estamos aí, mas não é bem assim. Eu tiro de letra. Eu me entendo com todo mundo, com toda a patota. Só que, evidentemente, você escolhe para conviver com as pessoas com que você tem diálogo.

TARSO -Houve algum caso de um fã que tivesse se aproximado e que a coisa tenha colado?

LEILA Deixa eu lembrar.

JAGUAR- Não vale nenhum dos presentes.

LEILA- Por incrível que pareça, com os presentes, nunca tive o prazer. Mas estamos aí. Agora, com fã, acho que nunca aconteceu, não. Ou, se aconteceu, foi tão (*) que eu nem me lembro. Geralmente, eles tão noutra, tão atrás, tão atrás de sua imagem e você não vai entrar numa dessas. Imagem é fogo, chega lá e não é nada daquilo, não é? Não vou nessa.

JAGUAR- Um aviso aos navegantes: quem escolhe é você, não é?

LEILA- Sei lá. Acho que a gente escolhe. Acho que sou eu que (*), sim. Acho que eu sou um ponto fixo dentro de mim e um círculo ao redor. Esse ponto fixo é muito sério e as pessoas não manjam muito. Tem um negócio dentro de mim que é muito importante: a minha força, a minha verdade, a minha autopreservação...

PAULO GARCEZ- Qual foi o homem que já atingiu esse ponto fixo?

LEILA- Muitos. Felizmente, eu já amei muito e espero amar mais ainda.

SÉRGIO- Uma pergunta piegas: você foi professorinha e...

LEILA- Professorinha uma ("). Fui professora.

SÉRGIO- Está bem. Você tem saudade daquele tempo? Gostaria de apagar tudo e

voltar a ser professora?

LEILA- Não gostaria de apagar nada da minha vida.

SÉRGIO -Criança é chata, então?

LEILA- Nada chato, não. Eu amo crianças. Há muito folclore ao redor disso, mas eu gosto muito de criança. Mas eu gostei de ser atriz e seria muito difícil voltar a ser professora. Eu deixei de ser professora por covardia porque eu tinha de brigar muito com os pais, e com os diretores do colégio. Porque eu não estava em Summerhill, não, mas em minha sala, cada um fazia o que queria. Eu me lembro que, em uma ocasião, teve um aluno meu - eu ensinava no maternal, ensinei maternal, jardim de infância e primeiro ano - , bem esse aluno chegou pra mim e... Bem, eu tenho uma relação com criança muito boa, consigo chegar e dialogar com elas. Na minha sala, eu aboli a mesa da professora, não existia, minha mesa era igual à deles, minhas coisas eram guardadas como as deles, eu mexia nas coisas deles tanto quanto eles mexiam nas minhas, não tinha problema. A gente trocava lanche, eu levava coca-cola e eles gostavam mais do que leite e a gente trocava, eu fazia a maior zona. As mães, porém, não gostavam. Bem, aquele aluno meu estava cheio comigo, não sei por que, virou pra mim e disse: sua (*)! Foi aquele silêncio, todo mundo ficou me olhando pra ver o que a professora ia responder. Eu fiquei com vontade de rir e ri. Aí eu disse: (*) é você, está ouvindo seu coco. Foi aquela zona: porque, falando com criança, eu adapto meus palavrões prós deles. Palavrão de criança é (*) coco, xixi, titica, etc. Então foi uma semana na sala que só se falava de (*): sua (*) pra cá, seu (*) pra lá, (*) sem parar, coco pra lá, xixi pra cá... A diretora entrava na sala e ficava horrorizada. Mas depois de uma semana, todo mundo deixou de falar (*) porque a (*) deixou de ser excepcional, ficou inteiramente desmoralizada. O que, aliás, é uma pena. Mas eu adoro crianças. Gostaria de ter uns vinte filhos pra fazer minha escolinha em casa.

TARSO- A censura resolveu, agora, implicar com as novelas. Mas há coisa muito pior na televisão: o calhorda do Raul Longras, o imbecil do J. Silvestre, o cachorro do Silvio Santos; o Flávio Cavalcanti, que é um mau-caráter, patife. E eles não proíbem nada disso. Por que só as novelas?

LEILA- É tudo muito burro, aqui. Quando você explora a miséria verdadeira, ninguém acha nada demais, como o Raul Longras, esses caras todos. Negócio bonitinho de censurar é novela, quando tem uma cena de amor, uma moça que foge de casa como uma que eu fiz agora, em que eu fugia de casa porque queria viver com o Zózimo Bobul, e a novela foi censurada. Tem mil babados assim, acho a maior cretinice. Não consigo explicar. Não consigo entender qual é a deles. Censuram filmes e não censuram programas em que as pessoas, pra casar, são vendidas como alface, ou são esculhambadas como se fossem coco, como acontece nos programas do Flávio Cavalcanti. Aí, digo que é burrice minha porque não quero achar que as pessoas sejam tão (*) assim.

TARSO- Você admite censura a uma obra de arte?

LEILA- Pó, Tarso: de jeito nenhum. Foi o que perguntei aos censores: que tipo de preparo tem uma pessoa que vai julgar e censurar uma obra de arte? Eu não teria coragem de ser censor. Se eu fosse julgar uma obra de arte, eu teria de ser uma pessoa inteligentérrima, cultérrima, muito humana e muito por dentro das coisas. Censura é ridículo, não tem sentido nenhum. Do jeito que é feita, inclusive não tem nenhuma noção de justiça, cultura, nem nada. Foi julgada e censurada uma peça de Sófocles, lá no Teatro do Rio, não foi? É um absurdo. Procuraram até o Sófocles. Aí é fogo. Acaba qualquer papo.

SÉRGIO -Na sua novela, a personagem foge com o Zózimo Bobul. Na Europa, isso é moda há muito tempo. Eu pergunto: há alguma diferença sexual do negro pró branco?

LEILA- Eu só tive um homem negro. E não vou comparar meus homens porque é sacanagem. Dizem que os negros têm mais potencialidade, etc. Eu acho que é a mesma coisa. Depende do cara. Nesse negocio não tem nada a ver. Tem uns que são bons de cama, chega lá e não combina. Esse negócio depende muito. O negócio é aquela ligação, está na pele.

JAGUAR -O Anselmo Duarte disse que...

LEILA -Ah, deixa eu falar do Anselmo porque ele disse um negócio muito lindo pra mim. Fiquei até com pena de não ter tido nada com ele lá em Congonhas. Ele disse que eu me dedicava aos homens. Ele é muito bacana e deve gostar muito de mim pra dizer um negócio desses. Eu não sabia que ele gostava tanto de mim.

TARSO -Vocês não tiveram nem um casinho, não?

LEILA- Não, nada disso. Morremos de rir, nos divertimos muito, mas não tivemos nada. É difícil a gente se divertir sem ter nada, mas a gente consegue. E nós estávamos em Congonhas do Campo, hein. Mas eu estava namorando o Toquinho que ia me visitar de vez em quando, então eu tinha um treco certo, não é? E tinha os "profetas" lá, qualquer coisa quebrava o galho. Saí de lá que não aguentava mais olhar pró Daniel.

JAGUAR- É bacana, não é?

LEILA- É bacana porque você não passou dois meses lá, malandro. Eu abria a janela e dava de cara com os doze profetas. Eu (*) pra arte, ele estava gozando paca. Ele tem lojinha de pedra-sabão e sonhei a noite toda com corrente, coruja, profeta de pedra-sabão, tudo de pedra-sabão. Eu não aguento mais ver. Mas o Anselmo foi muito bacaninha: acontece que eu seria a maior mulher do mundo se eu me dedicasse aos homens, eu? Eu ainda não consegui isso, não; estou lutando pra isso. Talvez aos trinta anos assim...

JAGUAR -O PASQUIM vai aderir à sua luta.

SÉRGIO- O que você achou da entrevista que ele deu à gente?

LEILA- O Anselmo é uma pessoa terrível. Tem uma inteligência meio primitiva. Mas é muito inteligente. E é muito gozador também. Quem manja o Anselmo, sabe naquelas respostas, ele estava gozando paca. Ele tem histórias incríveis pra contar porque ele é muito agressivo. Tem, por exemplo, a história da namorada que ele tirou a dentadura. É um troço alucinante. Agora, é uma pessoa maravilhosa como todo cafajeste. Todo cara que é cafajeste no fundo, é um bobo. Ele é terrivelmente (*), humano, bom paca, só faltava me pegar no colo, como o Jece Valadão e todos os cafajestes que já conheci na minha vida. São uns anjos de pessoas.

TARSO- Você acha o Jece Valadão suportável?

LEILA -Eu adoro o Jece. Primeiro porque foi um cara que me pagou em dia. Fiz "Mineirinho, Vivo ou Morto" com ele. Ele chora paca, regateia paca. Mas se combinou aquilo contigo, ele te paga em dia, tranquilo, te busca em casa, te leva em casa, etc. Ele é muito porreta pra trabalhar, um amor de pessoa. Ele está lá na dele: quer ganhar dinheiro, faz o cinema que ele sabe que vende. Não vejo os filmes dele, não, mas adoro ele.

SÉRGI- O Qual a sua opinião sobre o INC?

LEILA É (*) você falar de um negócio que você está por fora. Eu não gosto. O Domingos está muito mais por dentro. Ah, que vontade de ter um namoradinho nessas horas: ajuda, não é? O negócio é que Você luta ou trabalha. Como não tem ninguém pagando você pra lutar, você tem que trabalhar. Fazer as duas ao mesmo tempo, não dá. Se você não luta, vira marginal.Eu resolvi ganhar meu dinheirinho. Ter meu apartamento. Pagar minhas contas. Eu trabalho. E gosto. Do que eu si o INC é muito sacana. Eu vi muita gente tomar atitude bacana, muita luta no Cinema Novo, que o INC não apoiou. O INC tem preconceito contra o Cinema Novo. A gente faz é cinema. E o INC não faz nada pelo cinema brasileiro que é a função dele. Só faz um festival (*) que eu acho uma ("").

TARSO- O INC é dirigido pelo Harry Stone: só beneficia o cinema estrangeiro.

LEILA- A gente está lutando por essa lei pra aumentar as semanas de filme nacional e os caras (* ) e andam, nem querem saber. Só isso já dá pra eu saber que os caras não estão interessados em que nosso cinema se desenvolva. Eles só estão a fim de que sejam vendidos, vistos e gostados os filmes estrangeiros. Logo eles são uns filhos da (*).

SÉRGIO -E o que você acha dos críticos de cinema? O INC é dirigido por críticos: Moniz Vianna, Salvyano, etc.

LEILA- Eu não leio críticas. Eles vão ficar (*) comigo mas não leio. Eu quase não leio jornal. Leio O PASQUIM.

SÉRGIO- Nem as Cotações JB?

LEILA -Não leio nada. Eu leio O PASQUIM porque é divertido, inteligente e são vocês que fazem que são meus amigos e contam coisas que me interessam. O resto, nem quero saber. Quanto às críticas dos filmes, palavra de honra, não é rancor, mas não gosto. Inclusive, parece que os críticos sempre livram minha cara. Eu faço o maior filme (*) e dizem que eles livram a minha cara. Muito obrigada. Eu sou boa mesmo, não é? O crítico que for meu amigo vem bater papo comigo. O que me interessa é o que eu acho, o que o Domingos achar, o que o Nelson, vocês, os meus amigos vão achar. E o público, porque vai ver. O resto, (*). Acho o crítico (*) porque é pessoal e só admito você ser pessoal pra amar. Qualquer coisa que o Jaguar faça, por exemplo, pode ser a maior (*) mas vou achar bom sempre. Porque eu gosto dele.

JAGUAR- Obrigado. Você quer falar de sua carreira de atriz?

LEILA -A gente é atriz porque cisma que é atriz. Vai entrando na coisa, vai entrando e vira atriz. Agora: quando chega na hora de fazer o papel, você olha e diz: opa, não sei fazer isso, não. Mas está lá na carteira, eu sou atriz, decidi isso e agora tenho de fazer. O único treco de ser ator pra mim é isso. Eu não tenho escola porque não existe escola aqui e eu não gosto de escola, eu gosto é de trabalhar, me divertir e conviver com as pessoas que eu amo. O negócio bacana é que cada papel que você pega, você olha e diz: e agora, não sei fazer isso. Mas, malandro, você não está aí ganhando pra fazer isso? Acontece isso em novela, por isso eu digo que novela também é bom. Nessa novela, eu tinha de me vestir de homenzinho, a menina se fantasia de homem pra seguir o cara que ela gosta. É um negócio que eu nunca fiz. Pode ser ruim, novela, etc. Mas é meu.

SÉRGIO -A Raquel Welch está fazendo um filme com um papel assim.

LEILA- Espero que ela se saia bem. Eu consegui. A gente sempre tem de se livrar de muita inibição que tem dentro da gente. Apesar de eu já estar muito desinibida, o ator sempre tem suas inibições. Aí, o ator pode empestar um tipo e ir em frente. Mas, para mim, o importante é me livrar das coisas, como se tirasse o (*) cada vez. Eu falei pró Gracindo nessa novela, ih, ES tou com medo. Ele disse: por quê? Você vai tirar isso de letra. A primeira cena foi difícil, mas a segunda já foi melhor. Aí, você vai em frente. É bom paca. Não tanto quanto (*), é claro, mas é quase igual.

JAGUAR- Quando eu conheci você, Leila, você não dizia palavrão.

LEILA- Sempre disse palavrão, Jaguar, você está enganado. Dizia menos. Com o tempo, fui ficando mais desinibida e mais segura.

JAGUAR- Foi seu psicanalista que mandou você dizer palavrão?

LEILA- Não. Faz muito tempo que eu não faço análise. Eu me desinibi dançando, dançava paca, você sabe disso; no mar, na praia, etc. tinha atitudes físicas pra me desinibir, eu (*), nadava e dançava. Fiquei mais segura e me expresso, agora, como eu tenho mais vontade. Eu acho o palavrão gostoso e é uma coisa normal pra mim. Quando ouvi um pedaço dessa gravação fiquei até um pouco chocada, mas quando eu falo eu não sinto que estou dizendo palavrão. É gozado: meu pai, por exemplo, não fala palavrão. Lá em casa não se dizia nem coco: a gente falava tezes. Tinha de ser tudo naquela base, que são palavras muito mais feias do que os palavrões. Mas o palavrão virou verdade em mim e quando as coisas são verdade, as pessoas aceitam. Então meu pai aceita, embora ele não fale nem coco. Morre de rir, bate papo comigo e tal. De vez em quando ele diz: não dá pra você falar de outro jeito? Aí eu digo: ah, (*) pra isso.

JAGUAR -São boas suas relações com seus pais?



LEILA- Maravilhosas.

LUIZ CARLOS MACIEL Mas foi a psicanálise que desinibiu ou não?



LEILA- Não. Como eu disse, eu me desinibi fisicamente. Mas a psicanálise talvez tenha me dado mais segurança. Eu fiz análise uns três anos, mas há tempos atrás. Eu tinha dezesseis anos. Foi uma época genial: porque na adolescência, você ainda está muito em confusão. Eu não ficava lá fazendo tipo: ia lá, chorava, berrava, xingava, falava palavrão e tudo.

SÉRGIO- Você deixou de ser virgem quando?

LEILA- De quinze pra dezesseis anos. Agora, eu não gosto muito de falar de minha psicanálise. Quando eu vou ao ginecologista, eu não vou dizer no jornal. Se vou ao analista, cuidar da cuca, por que eu vou ter de dizer? Se eu precisar cuidar de uma coisa, vou ao ginecologista; se precisar cuidar da outra, vou ao analista. Espero que eles estejam sempre lá e eu tenha dinheiro pra pagar. Embora eu ache que até análise devia ser de graça e paga pelo governo. Pra mim, adiantou muito. Quando eu fui ao psicanalista, eu estava realmente batendo com a cabeça no poste. Na época eu ganhava cinco contos, e pagava três de análise. Depois, me aconteceu um negócio bacana. Eu já tinha parado de fazer análise e começado a trabalhar como atriz quando recebi um cartão de meu psicanalista. Foi um ano e meio depois que eu tinha deixado. O cartão dizia: "Leila, assisti ao teu filme. Continuo, como sempre, a acreditar em você como gente e, agora, como artista".

SÉRGIO- Você deu pró seu analista?

LEILA- Não. Ele era aquele kleiniano, freudiano, sei lá, que ficava sentado lá, te esculhambando paca.

TARSO- Mas você não se apaixonou pelo seu psicanalista?

LEILA- Não. Você sabe que não? Acho que esse negócio é folclore. Foi um troço muito bacana. Acho que a análise me fez muito bem, da mesma maneira que o ginecologista me fez bem quando eu precisei. Voltarei sempre que precisar. Acho que cada um deve fazer o que lhe faz bem. Se você fumar maconha e achar que isso lhe cura, acho ótimo. O importante é amar as pessoas e sentir uma certa felicidade, apesar da zona ao teu redor.

MACIEL- Você disse que deixou de ser virgem dos quinze prós dezesseis anos. Você acha que foi muito cedo ou muito tarde?

LEILA- Acho que foi na hora.

MACIEL- Como professora, isso é um conselho para as novas gerações?

LEILA- Pras novas e pras velhas.

SÉRGIO- Isso é um conselho seu e do Summerhill.

LEILA- Eu era muito summerhilliana, antes mesmo de conhecer o livro. Depois, fiz até umas críticas. Mas esse negócio de idade é bobagem. Você deixa de ser virgem quando está com vontade. Eu estava. Não deixei antes porque meu namoradinho não quis, ficou com medo.

TARSO -Quem era ele?

LEILA -O Luís Eduardo. Eu encho ele, hoje, por causa disso.

TARSO- Foi ele, então?

LEILA -Não. Mas, depois, nós fomos à forra. Na época, ele tinha treze anos e eu tinha quatorze.



GARCEZ- O homem, então, é muito mais cauteloso que a mulher.

LEILA -É sim. Eu lembro que a gente namorava na praia - e eu estava vidrada nele. Mas ele tinha medo.

SÉRGIO- Quem foi o primeiro homem então?

LEILA- Não posso dizer, não. Ele é casado e pode dar problema. Não vou me meter

na vida dos outros, não é?

SÉRGIO- Ele ficou sendo um homem importante na sua vida?

LEILA -Não. Foi só o primeiro. Ele mesmo me disse isso.

JAGUAR- Foi apenas um fato histórico.

LEILA- É. Eu sempre encontro com ele e nós brincamos muito sobre o fato. Olha, vocês não vão publicar essas coisas, não é?

TATO TABORDA -E tua desinibição, não inibiu ninguém até agora?

LEILA -Já inibiu muita gente. Mas só na primeira vez, não tem problema. Aconteceu isso mais depois que fiquei famosa. Vou com Leila Diniz -o cara pensa. Que é que tem? Leila Diniz não faz nada demais, só o que todo mundo faz. Mas isso é raro: eu tenho um relacionamento com as pessoas muito bom. A turma não tem reclamado.

JAGUAR -Você acredita em amor, que um homem e uma mulher devem se amar

para ir pra cama, esse papo?

LEILA- Não. Inclusive, isso é um problema pra mim.

JAGUAR- Mas você já sentiu amor por um homem, pelo Domingos, ao menos.

LEILA- Não só pelo Domingos. O Domingos é o único conhecido e publicável. E

eu espero amar ainda muitos homens na minha vida. Vou amar sempre.

JAGUAR- Mas amar e ir pra cama não é a mesma coisa.

LEILA -Não. Eu acho bacana ir pra cama. Eu gosto muito, desde que dê aquela coisa de olho e pele, que já falei. Agora, sobre o amor, eu não acredito nesse amor possessivo e acho chato. Você pode amar muito uma pessoa e ir pra cama com outra. Isso já aconteceu comigo.

SÉRGIO - Você é contra a fidelidade?

LEILA - Não. Quando o negócio está bacana, geralmente eu sou fiel. Quando eu estou com uma pessoa, eu fico muito ocupada com ela. E eu sou muito de me ocupar. Agora, a ideia do amor é geralmente tão possessiva que me irrita muito. Detesto aquele negócio do saber hora, o que fez, etc.

JAGUAR- E você já está imunizada contra isso?

LEILA -Qual nada! Quebro a cara toda hora. Mas eu só me arrependo das coisas que eu não fiz. Das coisas que fiz, não me arrependo nada. Só me arrependo do que deixei de fazer por preconceito, problema e neurose. Já amei gente, já corneei essa gente e elas já entenderam e não teve problema nenhum. Somos todos uma grande família.

JAGUAR- Você disse há pouco que, às vezes, é bom ter um maridinho do lado.

LEILA -Eu não sou uma pessoa vinda de Marte. Eu nasci em 1945 e fui criada por uma família burguesa, razoavelmente bacana, mas eu tenho todos esses problemas dentro de mim. Evidentemente, eu também procuro um pai, um pouco. Tanto eu quero isso, que eu sou sozinha. Mas, pra mim, são mais importantes as coisas que eu acredito. Por isso, eu abro mão dessa proteção pra continuar no meu caminho. Mas, às vezes, dentro da sociedade que a gente vive: mais do que isso, no treco em que a gente vive, é bacaninha você ter um homem do teu lado, nem um homem - viu? - um companheiro, um treco bacana. Alguém que diga: está pegando fogo? Então vamos apagar juntos. O maridinho que eu quis dizer é isso.

TARSO -Mas acontece que o indivíduo é fatalmente afetado por uma união. Você acha que é possível superar isso?

LEILA -Se eu tivesse conseguido isso, eu estaria casada. Se não estou casada, é porque não consegui isso. Eu acho que a gente tem de respeitar ao máximo o cara que a gente ama. Mas acontece que eu não estou inteiramente livre ainda: como eu disse, eu nasci em 45 e fui criada burguesamente. Então, tenho mil problemas burgueses também. E o cara sempre tem também. Por isso que a gente está aí nessa briga. No fundo, eu sou uma mulher meiga, adoro amar, não quero brigar nunca, e queria mesmo é fazer amor sem parar. Eu adoraria isso. Mas enquanto não posso, não vou me acomodar a uma série de coisas (*) que pra mim não significam nada.

MACIEL- Para uma pessoa manter uma vidasexual saudável, equilibrada, etc. deve

dar quantas por semana?

LEILA -Ora, Maciel vai (*). Isso não tem medida. O cara pode dar uma e você passar até um ano. Acho difícil. Mas pode. Agora, acho bacana se pudesse ser todas as noites. Mas tudo depende de você estar ligada na do cara.

SÉRGIO -Já houve com você um caso como o do Anselmo, de 8 ou 12?

LEILA- Já.

GARCEZ- Você acha que o dito aumento do lesbianismo é devido à falta de virilidade

do homem atual?

LEILA- Não. De jeito nenhum. Esse negócio de lesbianismo é uma coisa de carência afetiva. Todo mundo quer ser amado. Como homem e mulher foram criados com muitos problemas, que o que eles devem fazer seria feio ou pecado, etc., duas mulheres acabam querendo se apoiar uma na outra, querendo salvar uma a outra. Eu acho o lesbianismo triste por causa disso.

(*) - Censurado.