domingo, 4 de julho de 2010

PORQUE ELAS AMAM SOCIOPATAS VIII



Nesta semana em uma seção de análise terapêutica, ouvia o relato de uma mulher sobre os desvios de comportamento que seu filho vem apresentando, e suas características gerais. Procurei deixar que o relato ocorresse sem interferir na linha de reflexão e colhi essa relação que aflorou, portanto, de forma natural:

Ela engravidou-se do seu primeiro filho aos 33 anos de vida, quando ainda solteira e nem pensava em ter um filho naquele momento, mas como aconteceu, recusou abortar e assumiu a gestação. Apesar da situação delicada e de viver durante a gravidez um tumulto decorrente das transformações pelas quais sua vida viria sofrer, uniu-se em casamento com o pai do filho gerado. No pós-parto apresentou quadro de depressão pós-parto, que acredito já estabelecido na gravidez, posteriormente este quadro indicou evolução para Síndrome de Pânico, não tratado, mas contido em sua sintomatologia.

Três anos após este delicado período ela voltou a engravidar. Naturalmente, depois de um histórico de primeira gravidez conturbado e sofrido, repetindo uma gravidez não planejada, entrou em parafuso, e rejeitou inicialmente o estado de gravidez, posteriormente assimilada e integrada.

Hoje, 10 anos depois, esse filho de segunda gravidez vem apresentando em suas relações identificação e proximidade com crianças que apresentam desvios de comportamento, tais como Bulling, preconceitos, características narcísicas, dominadoras, controladoras e manipuladoras. Na ultima semana apresentou atitudes dissimuladas, mentiras, buscando enganar os pais para realizar a satisfação de seus desejos e interesses.

Excluindo as mentiras, decorrência natural da fase de desenvolvimento pelo qual a criança passa e que estão mais relacionadas ao processo de aprendizagem dos limites, ou de experimentação da realidade, nesta idade já é possível perceber diferenças entre o que se mostra com desvio na formação de caráter e aquilo que é apenas exercício de experimentação.

Um adendo: Discordo do pensamento geral que define o caráter como totalmente formado aos 3/4 anos de idade se tornando uma estrutura imutável. Tenho experimentos que me indicam que a formação de caráter pode definir estados de configuração mutáveis. Ou seja, ele não é definitivo mesmo que assim se mostre, ele é moldável, como uma massa disforme que aceita formatos, ou que se molda em função da realidade. Uns menos outros mais.

Portanto, aos 10 anos de idade no exercício de experimentação a criança, mesmo com um pré-formato de caráter, ainda está em busca de uma configuração definitivo ou um alinhamento de defina a referência social ou antissocial no comportamento do individuo.

A criança em questão vem exercitando suas possibilidades de manipulação do meio. No momento trabalha com a formação e criação de estados de realidade, as mentiras, buscando descobrir até onde consegue realizar seus interesses conduzindo os adultos através da satisfação de suas expectativas. Ou seja, atende aos adultos em suas expectativas conceituais e na idealização enquanto por trás realiza o que é de seu interesse. Mostra-se um bom menino enquanto age como um transgressor. As mentiras são apenas o sustento no exercício de dissimulação que pratica e naquilo que vai se transformando.

No caso relatado, acompanho a mãe e sei de sua disponibilidade afetiva voltada para os filhos, e acredito que este diferencial favorece seu filho na sua reconstrução, ou na reordenação de sua natureza. Chamou-se a atenção o fato de estar aqui postando a relação entre a origem e formação do Sociopata e a rejeição ocorrida na gravidez indesejada, projetada posteriormente no impedimento de formação da construção e vivencia da relação de simbiose. E não tenho dúvidas que no caso acima o afeto materno define o baixo nível de sociopatia da criança. A afetividade na relação mãe X filho favorece a blindagem da tendência sociopata do individuo. O que me leva a pensar:

Potencialmente a natureza também é sociopata, o afeto direciona essa natureza e a transforma redefinindo sua forma e sua configuração assim como a ausência do afeto direcionando para o menos, (esse menos não tem o intuito de menor, mas de direção oposta) promove o nascimento da origem sociopata, Pesando no instinto animal, tendo a acreditar que a natureza é sociopata tanto quanto não sociopata.

DISSO PODEMOS TIRAR UMA TERCEIRA HIPOTESE, QUE NOS INDIQUE PORQUE AS MULHERES SE APAIXONAM POR SOCIOPATAS:

O instinto maternal, da natureza feminina, consegue distinguir o individuo que afetivamente foi rejeitado e tenta compensá-lo com afeto, com seu amor, para supri-lo na sua natureza incompleta.

Sabemos que as mulheres tendem a se interessar por indivíduos que aparentam fragilidade. Mesmo que com o tempo elas passem a rejeitar esses indivíduos ou porque se defrontam com predadores de primeira categoria disfarçados em cordeiros, ou porque eles se mostrem excessivamente indolentes, funcionando como quem quer apenas permanecer no colo materno, sugando o leite sagrado, o que leva as mulheres a uma transferência negativa, se distanciando e passando a odiá-los. A consciência do fracasso de transformar o frágil no herói protetor. Obrigadas a sustentar apenas o papel maternal podem passar a apresentar atitudes de rejeição ou ódio frente a esta condição de fracasso. Obvio que existem aquelas que carregam esses indivíduos “frágeis” ou sanguessugas até o fim da vida, mas esses são outros detalhes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário