quinta-feira, 29 de abril de 2010

MATERNIDADE II

              
Se maternidade é preceito feminino natural e se feminino se confunde com mulher, a mulher como ponta evolutiva da civilidade humana carrega na sua origem e na sua ação reprodutiva e na dinâmica de seu desenvolvimento, um desafio que nem sempre apareceu na historia da formação da civilização. Em geral quando precisamos estar focados na ação alheia para minorar o impacto do domínio, acabamos por deixar de lado questões primordiais, mas que circunstancialmente se mostram pouco prioritárias, frente à necessidade de sobrevivência em ambiente hostil, realidade da mulher ao longo do domínio dos homens no passado que ainda teima em existir em algumas sociedades e tribos humanas.

Mas a era moderna neste aspecto é absolutamente favorável ao desenvolvimento e à maturação da mulher, se ela não se perder em acessórios e na futilidade das vaidades e das ilusões. Eu diria que em toda a história humana nunca houve um tempo tão excepcional e favorável à mulher. E Por isso um momento que representa a abertura de oportunidades e de evolução e, portanto de desafios.

Eis o grande desafio da mulher moderna: Se formar como uma individualidade construída em cima de preceitos pessoais resultantes do processo de formação introjetados, conteúdos herdados e conteúdos formados a partir da vivência pessoal, incorporando a experiência pessoal, aprendida, filtrada selecionada e incorporada como preceito pessoal, onde possa se ancorar, abandonando práticas de sentido coletivo, culpas coletivas, justificáveis no passado, mas injustificáveis no presente.

A sociedade de massa parece não facilitar esta construção porque confunde o sujeito (homens e mulheres) induzindo-lhes uma necessidade de aceitação coletiva que tende a transformar-lhe em anônimo e produto manipulável a partir de valores e ideias marqueteiras da indústria do fast consumo.

O individuo fugindo da marginalização com a demanda de agregação em alta e precisando desenvolver uma individualidade consistente acaba repetindo velhos padrões que o transformam em objeto e massa de manobra.

Neste caso o dilema fundamental: como realizar a maternidade sem repetir padrões que transformem a pessoa na repetição da mulher do passado.

Para mim o enigma é crucial, já que grande parte das mulheres não consegue sair da proposta da esfinge: decifra-me ou devoro-te e acabam sendo devoradas repetindo velhos padrões filogenéticos.

Vejam bem: eu não estou falando em conduta afetiva. O afeto é fundamental e referência de formação na vivência materna. Pra falar a verdade no afeto bem expresso se faz a formação do individuo livre, e no mal entendido afeto se usa a necessidade do outro para aprisioná-lo na rede das ilusões afetivas.

Continua...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

MATERNIDADE

Ron Mueck, 2001 - Mother and Child
Escultura Hiperrealista
           
Visualize o cenário: O filho cresce, flutua pela adolescência descompromissada e chega ao mundinho dos adultos caretas, e a vida começa a lhe exigir atitudes compromissadas. Aqueles que são preguiçosos e sonsos, não se tocam, nem se plugam, continuam  vagando na adolescência pelo oceano das ilusões.

Os mais experts começam a correr atrás dessa fatídica e inevitável entrada no mercado de trabalho, dá adeus às fantasias infantis da adolescência, começam a se distanciar dos pais, percebem que precisam romper barreiras e abrir espaços, essas babaquices de vida adulta: conquistar um bom emprego, trabalhar, ganhar o pão, sustentar lazer, hábitos de consumo, vaidades, manter-se, investir, e quem sabe ter morada própria para poder usufruir dos direitos da vida adulto, sexo, espaço privativo, bagunça, e coisas mais.

Muitos serão os desafios. Mas e quando a primeira barreira não é rompida? O menino escolheu a profissão que quis, não perguntou prá ninguém sobre a existência de um mercado. Se superestimou acreditando que seus dons seriam facilmente reconhecidos, não aceitou sugestões, se acreditou rei da cocada preta, e agora descobre que aquele campo imenso que iria ocupar, onde só vislumbrou sucesso e fama, já tá todo ocupado, e os poucos espaços que restam são disputados na selvageria da sociedade consumista, envolvida en artimanhas, seduções e todo tipo de artifícios que os desesperados usam.

O SONHO ACABOU!

Aqui começa a realidade. Os mais tradicionais, mesmo encontrando dificuldades, se defrontam com profissões consolidadas que já possuem aceitação e mercado definido. Mas vanguardistas, em novas profissões que surgem a cada dia, encontram muralhas às vezes só transponíveis depois de muita batalha e muita ralação.

E A MÃE?

Ai... Como sofrem! Como essas mães, pobres coitadas, angustiam-se, atormentam-se, se descabelam e envelhecem ao ver seus filhotes sofrendo por  erros que cometeram na ingenuidade da superestima, vaidade, orgulho e prepotência, petulância e até por falta de humildade.

Mães em angústia se corroem em preocupações, como em batalhas míticas de imolação e flagelo.

  continua...

domingo, 25 de abril de 2010

ESTEREÓTIPO DE SI MESMO

    Hans Baudung-Grien, 1510
As Tres Idades da Mulher e a Morte
Viena, Kunsthistorisches Museum

Hoje, em uma manhã agradável de outono, ouvi o relato de uma mulher, de meia idade, sobre uma dificuldade que surge neste momento em sua vida. Enquanto ela se adapta buscando se adequar às mudanças inevitáveis da meia idade, o marido, sem o saber, inquieto e atormentado com o passar do tempo, só consegue focar sua vida a olhar para as mulheres jovens. Nada de mais, em principio, olhar para uma jovem mulher, no frescor jovem, pele viçosa, traços suaves, mas...  apenas quase crianças descobrindo o mundo, com uma arma poderosa no corpo, o vulcão adormecido.

Ela angustia-se vendo o parceiro se perder nas fantasias de consumo sexual de mulheres jovens, negando seu momento pessoal e familiar em função do desespero de manter-se no circuito da dança frenética do sexo. funcionando como jovem no universo juvenil da procura de parceiro.

É obvio, enquanto ela tenta sintonizar novos momentos à sua realidade existencial, o outro (o masculino), se angustia, negando ou não aceitando a realidade das mudanças de sua realidade.

Relações assim podem produzir grandes estragos na vida pessoal, desastres familiares e abismos no seio dos casais. Estes, quando poderiam caminhar juntos se descobrem distanciados. Enquanto um tenta sintonizar o presente o outro padece sem perrceber a inútil tentativa de segurar o passado. Já vi essa tragédia existencial em homens oitentões.
E o casal? Um ruma para o futuro e o outro para o passado. Um vai pro norte e o outro pro sul.

Essa triste realidade também atinge mulheres. Não raro vemos mulheres desesperadas tentando apreender a juventude no corpo que amadurece e envelhece, repetindo velhos homens playboys. Sofrem ao perder o poder de sedução, domínio. Tola  e ardilosa vaidade!

Não apenas o corpo envelhece em nós. Com a idade, natural é a maturação, estado em que o espírito se consolida ficando mais consistente e blindado para suportar e superar os desafios das transformações inexoráveis do tempo. Se lidarmos bem com as mudanças e se sintonizarmos o tempo do corpo aceitando suas transformações, as mudanças psíquicas são realizadas de forma suave. Mas quando não nos preparamos ou quando lutamos contra as leis do universo, realizando impedimentos e adiando transformações, mudanças arquetípicas importantes deixam de ocorrer e o individuo acaba se encalacrando num cenário de inadequação entre o que se tornou e a realidade do que é, fora de seu tempo.

É como se o sujeito funcionasse contra si mesmo, produzindo um processo regressivo de imaturidade, Ele tenta travar, paralisar, seu envelhecimento, mas trava seu amadurecimento, bloqueia seus fluxos energéticos, e deforma seu espírito, produzindo desequilíbrios, desajustes, sofrimento, infelicidade e fazendo o corpo padecer. Perde seu eixo.

Essa deformação acaba abrindo espaços para que conteúdos de inconscientes que não foram transformados aflorem à consciência produzindo no sujeito um estereótipo de si mesmo.

É o que podemos perceber nessa modernidade. Ao invés de adultos maduros, velhos perdidos, infelizes que se deixam deformar em função de desejos e paixões não superadas, se fazendo fantoches de um projeto que não se realizou, enquanto abrem mão da dignidade pessoal e existencial.
              
   É o que eu poderia chamar de um Apocalipse espiritual.



  

sábado, 24 de abril de 2010

SAGRADA E PROFANA

    Francesco Haiez, Madalena Penitente - 1833
Civica Galleria,d'Art Moderna, Milão



No dia de ontem fazia uma leitura de sonhos quando me brotou o que posso considerar um belo Insight, ei-lo:

Cristãos em geral já nascem do pecado, carregando a culpa, mas mulheres tendem, em decorrência da pressão social histórica, a carregar mais culpas do que os homens. A culpa da mulher nasce na ambivalência do conflito entre os conceitos e a imagem de pureza virginal e sagrada e a imagem de pecadora, fonte de prazer e do profano.

Ou seja, a mulher se liberta do eterno pecado na maternidade . É atraída com um ser comum para o prazer, vive a luxuria, peca e se faz mulher da vida, é fecundada, e a gestação, imagem exposta do pecado é sacralizada na maternidade. Aí minha cara, a mulher passará a vida frente ao produto do pecado sacralizado. Inevitavelmente e dificilmente as mulheres conseguem se libertar da culpa, principalmente porque não abrem mão da ideia mítica do sagrado que carregam nem do impulso de viver o prazer do pecado. Dificilmente a mulher se torna humana, ao contrario passa a vida tentando escapar de sua profanação e, vai carrega pela vida a culpa quando focar a construção de sua individualidade e de sua maturação. Corre permanentemente o risco de fortalecer conteúdos psíquicos do imaginário, ilusórios e infantis, não atingindo a plena maturação nesta tentativa de escapar do profano enquanto busca o velo de ouro o poder sagrado.

Naturalmente a natureza colocou a mulher numa situação complexa, um conflito fatal: Nasce mulher, portadora da vida. A geratriz que reproduz dentro de si o mistério da gestação da vida. Ato sagrado da procriação. Natureza que para ser realizada precisa ser vivenciada no pecado como um ser profano e humano.

Provavelmente as mulheres preferissem ser fecundadas pelo espírito santo, o que sacralizaria sua existência maternal sem ter que carregar o peso do pecado, da profanação. Mas se a Bendita mulher que em vida conquistou essa benção viu sua criatura gestada, filho do espírito santo, condenado pelos homens a morrer abatido como um criminoso, crucificado como um qualquer, que destino produzir pecando se mesmo gestando sem o pecado da carne pode-se pagar o preço da dor pela morte do filho santo.

Ser crucificado como o filho da mãe santa, pode ser a solução para não ver o filho sacrificado. E para ter o filho que possa amar, precisa escolher o homem comum e primitivo, precisa, como pecadora, viver noites de amor e se esbaldar na luxuria, e ainda manter-se sacralizada como geratriz da vida.

Parece simples, mas pode ser muito complexo. Parece complexo mas pode ser muito simples.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

RITOS E LITURGIA

       Santo Graal em Valência
Liturgia - sf (gr leitourgía) 1 Ordem das cerimônias e preces de que se compõe o serviço divino, como se encontra determinado no ritual eclesiástico. 2 As fórmulas consagradas das orações. 3 Rito. 4 Ciência que trata das cerimônias e ritos da Igreja.

Rito -sm (lat ritu) 1 Conjunto de cerimônias e fórmulas de uma religião e de tudo quanto se refere ao seu culto ou liturgia. 2 Cerimonial próprio de qualquer culto. 3 Culto, religião, seita. 4 Ordem ou conjunto de quaisquer cerimônias. 5 Sistema das fórmulas e práticas das organizações maçônicas. R. de iniciação, Sociol: cerimônias, de caráter religioso ou não, realizadas na admissão de um indivíduo a uma sociedade ou associação: Ritos de puberdade. R. de natalício, Sociol: solenidade realizada entre os povos antigos e os selvagens, por ocasião do nascimento de um filho, a fim de purificar mãe e filho e dar a este força e energia. Ritos de puberdade, Sociol: solenidades que marcam a passagem de rapazes ou moças ao estado adulto, implicando, antigamente, provas físicas, tabus alimentares, instrução moral e investidura de sinais visíveis do novo estado. Ritos de purificação, Sociol: V rito de natalício. Ritos nupciais, Sociol: cerimônias oficiais realizadas por ocasião de um enlace matrimonial.

Há pouco dias atrás ouvi um incauto afirmar com ares doutos que rituais e liturgias são procedimentos de um passado e produto de ignorantes e iletrados que não conseguem através da capacidade mental estabelecer conexão com o divino. Fiquei perplexo! Aconteceu algo neste mundo nos últimos cinquenta anos que eu não me dei conta? Fiquei calado ouvindo com humilde complacência. Não consegui nem refletir o conceito de tão estarrecido e chocado.

E quando ouvi aquela pessoa falando que rituais eram bobagens primitivas, coisa de gente ignorante, iletrada, eu pensei na Antropologia, na Biologia, na Sociologia, nas religiões do mundo, na Psicologia, nas ciências dos homens, e... Fiquei mais estarrecido ainda. Não falei nada apenas escutei a palestra.

Princípio básico:

A Ontogênese (Série de transformações sofridas por um ser desde a sua geração até o completo desenvolvimento; evolução individual.) repete a Filogênese (História genealógica de uma espécie ou de um grupo biológico, fundamentada em elementos fornecidos principalmente pela Anatomia Comparada, pela Paleontologia e pela Embriologia).

Quem lida com crianças sabe que as crianças se desenvolvem a partir de ritos bem delineados, eles favorecem a organização dos conteúdos mentais e psíquicos, a aprendizagem, o desenvolvimento de relações harmoniosas com o meio, a formação de estruturas mentais, o desenvolvimento das estruturas de formação do pensamento humano. Mas desconsideremos as crianças.

O corpo possui uma dinâmica de ritos que favorecem o desenvolvimento de relações harmoniosas com o mundo e nas relações sociais somos todos referendados em ritos de sedução, encontros amorosos, iniciação sexual, acasalamento e matrimônio, formação de parcerias, de jogos, ritos de passagem, de agregação, de despedida e morte. E esta não é uma característica da espécie humana, porque os animais também realizam seus ritos de interação como seres da mesma espécie e com o mundo. A não ser que eles são inferiores a nós. Neste caso eles são filhos de um Deus abandônico que não lhes permite desenvolvimento mental e, portanto são impedidos de realizar conexão com o divino.

                                                                                         continua....


A imagem do post, é do Santo-Graal, a Taça Santa que representa o cristo morto pelos homens, a santa ceia, o Cálice em que Jesus Cristo na Celebração da Santa Ceia abençoa com a divina graça seus discípulos num ritual de encontro sagrado do filho de Deus ao lado dos homens com o pai, com o Divino, realizando a conexão com o Espírito Santo .  A igreja com sabedoria repete a celebração na santa missa, dando chance às pessoas, como cristo deu aos apóstolos, de celebrar a comunhão com Deus, num rito de renovação, renascimento e purificação.

RITOS E LITURGIA II

   Rito Ritmo do Tempo
Ritos nascem do principio de formação do simbólico, sendo, portanto fundamentais do processo de maturação das estruturas psíquicas, são formas simbólicas onde se usa mediadores que favorecem a sintonia a estados de consciência superior, que permitem a à consciência o sentido de união e conexão com o divino, com o universo.

Pensemos: Nascemos de uma natureza num processo em que em nada interferimos, essa natureza tende à formação da singularidade, caracterizada pela constituição de um indivíduo único e diferenciado. Ou seja, tendemos a um distanciamento da natureza como ser abstratos, espírito, desmaterializado, mesmo que exista dentro da matéria do universo como um corpo. Essa, a força de nossa singularidade.

A formação do individuo em sua plenitude, individuação, o associa inexoravelmente ao universo, mas enquanto não atinge esse estado pleno, enquanto existe no estágio de constituição dessa individualidade, ele se faz suscetível a distanciar-se do eixo do mundo e do sentido da vida, se acreditar que sua singularidade é mais forte do que suas origens, se cair na armadilha do narciso, na armadilha do ego. Nesta fase de formação e transição os ritos são formas da natureza de puxar o individuo para sua condição de submissão à força da natureza, indícios para que não se perca na fantasia de sua grandeza sustentada na singularidade.

Assim os ritos nos mantêm distanciados à condição de humildade que não nos afasta do eixo da vida em direção ao mar perdido das ilusões. Naturalmente são muitas as formas que existem para realizarmos esta conexão, e até mesmo um desenvolvimento mental superior pode favorecer essa conexão, mas o rio divino não escolhe por onde passar, qual pedra cobrir, qual cidade privilegiar. O rio divino existe para todos e se o individuo se utilizar de ritos que favoreça a sintonia com o espírito do universo ele não precisa ser douto ou titulado. Ao contrário os doutos que se cuidem, pois o conhecimento mal utilizado favorece a arrogância, a presunção, a petulância, o orgulho, matéria excelente para ser queimada na fogueira das ilusões no inferno dos desesperados.

Mas convenhamos, na evolução humana podemos pensar em corte epistemológico no momento em que o a humanidade rompe a natureza Símia e evolui para “Homo Sapiens”, aquele momento foi resultado da conquista do simbólico, da codificação do abstrato, da conquista da singularidade e isto vem exigindo nesse processo de abandono do primitivismo rumo a evolução ritos de convivência, e liturgia na celebração da relação com o divino.

Eu pessoalmente reservo os ritos para momentos excepcionais na minha vida, e não os percebo como resultado involutivo, ações de primitivos em oposição aos letrados. Ao contrario, os considero como o principio básico na constituição e formação do individuo e em sua relação com o universo, ainda são fundamentais para o equilíbrio psíquico, e se aparecem em sintomas patológicos, afloram como blindagem psíquica para a proteção da psique.

RITOS E LITURGIA III

               Liberddade Liberdade

 
Vejam a foto acima tirada ontem no momento em que a Ministra do Superior Tribunal Carmem L.A. Rocha
discursava.
As autoridades presentes à solenidade, bem como a assistência, celebravam, como democratas, os ritos  de homenagens em esfigie (medalhas) e a consagração do sacrificado,  de um homem que morreu porque lutava por transformações, pelos ideiais de liberdade, igualdade e fraternidade,  além  da reafirmação dos ideais defendidos pelo Alferes enforcado, decapitado, exposto. São ritos realizados para que  não se perca no tempo os ideais humanisticos voltados para a justiça e saúde de um ideal comum. Em síntese, uma forma de manter a consciência e os principios que noteiam a evolução da sociedade constituida.

Neste aspecto os ritos servem para reavivar a lembrança e disseminar conhecimentos para que, como conquistas do pensamento evolutivo humano, não se percam na rota do tempo.

Ontem ouvi a pré candidata a presidência (Sra. Dilma Rosset) falar em entrevista sobre as lutas contra a ditadura e na dúvida que nutria, na juventude, de sermos impedidos de construir uma sociedade democratica. E eu me lembrei de nunca ter tido dúvidas de que a ditadura sucumbiria à democracria. E nunca tive porque sabia que a evolução humana independe de nós, ela é resultado de um projeto da natureza. Podemos nos atrasar ao cruzar o caminho dos fascistas que subjugam os caminhos da evolução, mas eles tambem morrem, ainda que a natureza fascista permaneça presenta na posturas dos presunçosos e dos arrogantes.

Como resultado evolutivo precisamos usar a consciência não apenas para alisar o crescimento do ego mas para que contribuamos com esse processo evolutivo, e... favorecer o preconceito e a discriminação é a forma mais infeliz de disseminar preconceitos que são atos de involução.


quarta-feira, 21 de abril de 2010

CARMEN LUCIA ANTUNES ROCHA - 21 DE ABRIL - OURO PRETO



Carmen Lúcia Antunes Rocha
Ministra do Supremo Tribunal Federal

A vida da gente não se mede do ponto de partida ao ponto de chegada, o que conta é a travessia.


"A bandeira desenha o inconfidente de primeira hora e escreve para nós, ainda hoje, a confiança na liberdade. Por isso ainda agora impõe respeito, respeito a ética de principios e viveres coerentes com a vontade do povo. Repito, sem liberdade não há justiça eficaz e sem moralidade não há politica legitima. Vivemos tempos novos, como acho, são todos os tempos, de todos os homens. Os problemas que hoje se nos poe em frente, são dificultosos sim, muitos deles inéditos mas não ha limites ao homem quando resolve se construir e se reconstruir segundo o que melhor servir as necessidades de cada um. O que compete a cada um de nós é não desertar da bandeira desfraldada...do bom combate o mineiro não se omite. Somos gente que guarda fé, mais que tudo a fé no homem do brasil...somos, como toda a humanidade, seres em permanente construção aprendemos da Inconfidência Mineira que a luta não esmorece. Somos homens e mulheres atados aos ideiais herdados e que levam a permanente reinvenção própria do viver, para chegarmos a um brasil socialmente mais justo... Minas não é só ontem nem só hoje. Minas como o Brasil não é apenas nós que hoje aqui estamos, é quem antes aqui passou e Minas é quem vier depois de nós. Uns e outros são nossos compromissos, a nós o dever de honrá-los e de o Brasil ter sempre fé, afinal a fé não costuma falhar".
 
TRECHO DE SEU DISCURSO, PROFERIDO HOJE, COMO  ORADORA OFICIAL NA HOMENAGEM DE ENTREGA DA MEDALHA DA INCONFIDENCIA MINEIRA POR OCASIÃO DAS COMEMORAÇÕES DO DIA 21 DE ABRIL EM OURO PRETO.


           Ouro Preto



terça-feira, 20 de abril de 2010

ARMADILHAS DO PENSAMENTO


                 


Sempre achei muito penoso lidar com os delírios alheios, psicóticos ou pré psicóticos. E por isso o pensamento científico para mim sempre funcionou como uma referência para não me deixar perder nos delírios ardilosos de pensamentos meio verdades. Ainda que contenham verdades implícitas ou explícitas em geral se apoiam em constructos ardilosos, mal construídos e inconsistentes.

Um exemplo histórico desse fenômeno se iniciou na década de sessenta com a contracultura sustentada pelo movimento hippie, divulgador de fato que ainda sobre-existe como uso corrente, a cultura droga adicta. É o que acontece e subexiste com os usuários de maconha. Quando sob efeito da droga se sentem lúcidos, mais lúcidos do que os mortais comuns, se imaginam em planos fantásticos, com ideias fantásticas, pensamentos impensados, mas quando sai do efeito da “cannabis sativa”, o retorno à realidade realinha a atividade mental e mostra a insignificância e inconsistência dos pensamentos. Com drogas psicoativas a esse efeito se acrescenta o poder de um pensamento associado a imagens, não como delírios projetados, mas constituindo pensamentos codificados e reforçados por imagens pelo poder de integrar imagens correspondentes.

No estado de delírio o pensamento é como que inflado, levando a construção do delírio como convicção inabalável, mesmo ideias relativamente bem construídas ainda que se mostrem plausíveis não se sustentam dentro de requisitos básicos de questionamento. Possivelmente por isso indivíduos que sofrem processo de invasão de conteúdos de origem inconsciente acabem por se tornar radicais já que por defesa não suportem pensamentos ou conceitos concorrentes que podem dissolver seus constructos de poder, ou que ameacem seus mundos imaginários e seus desejos megalomaníacos de fazer o as pessoas orbitarem ao seu redor.

A sociopatia, biótipo muito comum na modernidade tenta produzir esta realidade, mas em geral se inflam apenas do desejo de poder e de domínio sobre o outro, mas salvadores do mundo navegam em delírios alucinantes misturando realidades e manipulando expectativas alheias.

Ah!!! Essa modernidade, cada vez se mostra mais perigosa para todos nós.

sábado, 17 de abril de 2010

A MULHER VÍTIMA DE SI MESMA


             Angelo Morbelli  - "Vendida"  1888
Galleria d'Art Moderna - Turim
Aline, o que você chama de vitimação?

“A auto vitimação... hoje a mulher se oferece para ser cortada. A facilidade com que se oferecem para serem cortadas, imoladas, sacrificadas, na ilusão de que isso é saúde, no condicionamento na sociedade, na cultura médica, e a mulher continua a ser uma ovelha, colocando o pescoço para ser cortado. Cordeiro de Deus retiraí os meus pecados! Mas não retiram seus pecados coisa nenhuma. O pior é isso, elas só se cortam”.

“É mais fácil eu cortar um médico do que ele me cortar, porque eu não vou cortar com o bisturi eu corto no verbo, corto na palavra, mas as mulheres não aprenderam a cortar, elas aprenderam e a serem cortadas, se habituaram ao sacrifício, não suportam o prazer”.

“Na hora em que elas perdem aquele cara que era um inferno, elas arrumam outro inferno. Ela silencia, e daqui a pouco vai arrumar outra coisa que vai gerar dor, porque não suporta o prazer, pois já é tão difícil suportar o prazer da carne, o prazer de ter um organismo, imagine suportar o prazer do espírito que é muito maior e muito mais elevado. E o que entristece é ver que elas não suportam nem sentir o prazer de estar vivas, tem sempre que ter um senão, alguma coisa que ainda falta como se a vida fosse perfeita, tudo nos trincks e qualquer detalhezinho no organismo que não é dentro de um ideal de uma ideia de perfeição, precisa estar sempre sendo reconstruído”.

“É querer reconstruir a carne ao invés de querer construir um vigor espiritual que está deixando todo mundo doente. Falta um vigor espiritual, falta fé na vida, principalmente as mulheres, que por já serem de Lua, ...passam por muitas fases durante o mês, elas mudam organicamente, então não há nem uma forma estável para o organismo feminino. Dizer que o organismo da mulher é assim... não! Ele está assim hoje, semana que vem vai estar de outro jeito, na outra semana vai estar de outra forma, e no processo todo de desenvolvimento da matriz e de apodrecimento de finalização da condição de matriz”.

“Não tem como definir qual é o estado normal de um organismo feminino se ele já não tem em si uma norma, uma normalidade, ele é totalmente mutável todo o tempo. No ciclo da lua assim... como a lua muda... Aí se de repente vai lá, olha (pro céu) a lua tá cheia, aí tá doente. Vamos esvaziar essa lua! Mas ela vai se esvaziar sozinha, as doenças do feminino, são normalmente auto curáveis, porque são passageiras, são como as fases da lua e aí que não é nem doença, é o movimento de ciclos, de cada fase no ciclo, daí interferem nos processo que são normais. O normal da mulher é a anormalidade, a instabilidade, e eles querem estabilizar”.

“Daí que a saúde não se cria sozinha, mas é assim que a mulher pensa hoje. Fazendo formas, dissolvendo formas no seu próprio organismo... Faz até uma forma humana dentro deste organismo, porque não pode fazer outras formas? Mas é viciada em vitimação isso é muito triste porque a mulher é matriz do mundo é a mulher que da forma a novos mundos pela sua própria condição biológica, e elas ficam atacando a matriz todo o tempo”.

“Então o mundo está atacado, e a mulher é a grande responsável pela falência da sociedade humana, porque ela se submeteu mais do que nunca à sociedade patriarcal. Hoje ela é mais patriarca até do que os patriarcas. E a sociedade patriarcal só está se sustentando porque agora as mulheres ficaram patriarcas, porque nem os patriarcas não aguentam mais. Nessa tentativa de ter uma vida igual a dos homens, por inveja do sexo oposto o que e autodestrutivo e ai o império da razão prevalece sobre a sensibilidade feminina e isso é o cordeiro de deus que esta sendo sacrificado”.



Transcrição de parte de diálogo acontecido ontem, no fim de tarde. ao por do sol

sexta-feira, 16 de abril de 2010

ALINE ALVARENGA


Aline Alvarenga


Estou recebendo, nestas terras altas das Minas Gerais, vinda das terras frias do planalto Paranaense Aline Alvarenga, Astrológa por amor, Matemática por inteligência privilegiada e mulher por natureza. Aline sempre se caracterizou pela hipersensibilidade, escritora de indóle, consumidora voraz de livros, de conhecimento, de música, de poesia. Mulher pensante pensadora, do tipo que tem compaixão pelos menos favorecidos em inteligênica mas que não suporta a ignorância atrevida. Amiga distinta e dileta tive a alegria de conhecer próximo dos 14 anos de idade estudando na mesma Escola Franciscana. Nos identificamos de imediato e se tornou uma interlocutora fundamental na minha jornada. Foram longos os encontros e os diálogos passeando pela filosófia,  religião, ciência, poesia, política, entre outros. Lembro com carinho de sua influência ao me passar entre os 14..15 anos o primeiro texto que li de Krishnamurti (que ainda hoje trago guardado), Pensador que considero excepcional na história humana e referência básica na minha formação.

Nestes próximos dias vamos trocar figurinhas e espero poder apresentar aqui alguma coisa desse encontro. Como ela já me adiantou os tempos são de Touro no pasto, ruminando para alimentar  a vida.

Se alguem  passar por aqui e quiser mandar alguma pergunta alguma informação ou esclarecimento em Astrologia pode mandar as perguntas que vou tentar abusar de sua boa vontade. 


sua chegada no Internacional dos Confins


  
                    

quarta-feira, 14 de abril de 2010

BRIGITTE BARDOT - SEMPRE

   Brigitte Bardot  sendo homenageada


Mulher, ícone de uma era, mito, “Sex Simbol.” de uma geração, seja a negação do que hoje anseiam muitas mulheres neste Brasil narcísico.

Ela, no auge da fama, foco da mídia, atriz renomada internacionalmente, num tempo em que a globalização não existia, fantasia dos homens do mundo, abandona tudo, rejeita o futuro que haviam desenhado para ela e inicia sua jornada em defesa de seres vivos menos favorecidos. Num tempo em que não se falava ainda em ecologia, essa mulher excepcional rompe com os estereótipos de mulher objeto e avança à frente de todos: líderes; políticos; artistas; intelectuais; cientistas; religiosos; E inicia uma mudança de paradigma na história da humanidade, denunciando a ignorância, a ganância e a violência, referências da desumanidade e das contradições de uma civilidade petulante e estúpida, e prenuncia o nascimento e a construção de uma nova relação da “humanidade” com o planeta e com os outros seres vivos.

Mais do que bela se posta digna, consciente e vanguarda de uma civilização como só os divinos agraciados se mostram. Mulher excepcional digna de ser chamada mulher. Abandona a via narcísica em defesa dos fracos e dos oprimidos, dos violentados. Olhar Brigitte é olhar para o papel divino da mulher no sentido mais profundo da palavra.  

                                                            PRÊMIOS E HOMENAGENS

1985 Médaille de la Ville de Lille
1989 Prix de la Paix au Mérite Humanitaire
1992 Global 500 (Prix du Programme des Nations Unies pour l’Environnement)
1993 Création à Hollywood du « Brigitte Bardot International Award » récompensant le meilleur reportage animalier
1994 Grande Médaille de la Ville de Paris
1994 Love of Animals Award (Espagne)
1995 Le Dalaï Lama devient le membre d'honneur de la Fondation. A Paris, il remet à Brigitte Bardot la «khata», la traditionnelle écharpe blanche en signe de bienvenue. La "Khatas" (khatags) sont symboles de bon augure. Elles marquent d’une note positive le début d’une action ou d’une relation et soulignent les bonnes intentions de la personne qui l’offre.
1995 Grande Médaille de la Ville de Saint Tropez
1996 Médaille de la Ville de la Baule
1997 Prix de l’Ecologie/Club Unesco du Dodécanèse (Grèce)
1997 Médaille de la Ville d’Athènes (Grèce)
2001 Peta Humanitarian Award (U.S.A.)
2002 Prix My Way (Autriche)
2007 Free Thinker (Ukraine). Prix spécial du jury du International Rights Film Festival pour sa contribution aux droits des animaux et la protection de la nature
2008 Prix Fondation Altarriba (Espagne)

terça-feira, 13 de abril de 2010

BRIGITTE BARDOT - HOJE

Brigitte Bardot
 

"Quando se é capaz de lutar por animais, tambem, se é capaz de lutar por crianças e idosos. Não há bons ou maus combates, apenas o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos que não podem se defender"

domingo, 11 de abril de 2010

MANIFESTO AO ORGASMO


Fernando Botero, Mulher, 1979 
Coleção Privada
Uma amiga à muitos anos gostava de falar: Todos têm direito ao orgasmo cósmico! Eu acrescento: a qualquer tipo de orgasmo! Mas muitos são os que querem orgasmos gerados pelas fantasias que criam. Não basta o orgasmo, tem que ser orgasmo Bradpittiniano, Will smithisoniano ou servido pela deusa Juliana Paes. Eles é que dão os melhores orgasmos do mundo. Depois fica todo mundo chorando a falta de amor porque desprezam o pão da esquina, e vão se satisfazer no escuro com a fantasia. Não querem o orgasmo do João Ninguém. Constroem o grande príncipe e deixam de se contentar com o que são, na busca do antigo sonho grego do corpo perfeito.

O CORPO JÁ NASCE PERFEITO.

Se muitas querem seios grandes, sou a favor do direito de escolha.

Que todos os desejos sejam satisfeitos, que os direitos sejam iguais.

e que a ditadura padronizada da beleza sucumba à realidade dos orgasmos múltiplos.

Que as mulheres sejam valorizadas por aquilo que têm

E... viva!

Seios, Bocas e Bundas.  Grandes, pequenas, vantajosas,ou desbundadas,
Corpos grandes ou pequenos, altos ou magros; lábios carnudos ou descarnados;

Vivam as diferenças!

Que o que importe seja o nosso poder de dar e sentir orgasmo.

P R A Z E R, V I V E R,

Para  abandonar de vez a insatisfação e a infelicidade!

E que o espírito seja grande, largo, vasto, generoso, compadecido.

E que reine a paz neste planeta miserável.

Afinal, o corpo aconchega o viver, e se bem funciona,

Abre as portas para o prazer,

Melhor para sorrir... enquanto existirmos.
Porque a vida... viaja em alta velocidade!

sábado, 10 de abril de 2010

SEIOS - TENDÊNCIAS

Charles-Auguste Mengin, Safo, 1867
Manchester Art Gallery  
“Uma reportagem do jornal britânico The Times cita alguns acontecimentos recentes para lançar a teoria de que a moda dos seios cirurgicamente alterados está em declínio.”
“Uma pesquisa da empresa Mintel diz que, no mercado britânico, o “boom” de cirurgias plásticas acabou e revisou para baixo suas previsões para o número de operações até o ano 2012”.
Na América “os estúdios Disney baniram atrizes com seios de silicone dos testes para o novo filme da série Piratas do Caribe”.

O mundo moderno é surpreendente. Queiramos ou não, o insólito nos acompanha no dia a dia, e mesmo que tenhamos facilidade para lidar com o inóspito, estamos sempre de frente com a possibilidade do espanto e da perplexidade.

Mas nada soa tão surpreendente, enquanto humanos, quanto a mulher moderna.

Enquanto os homens tentam se recuperar do susto da igualdade que rompe com o passado dominador e machista do homem. O sexo que se faz surpreendente é essa mulher que rompe a cada dia com os paradigmas do passado. E mesmo que não saiba aonde vai dar, continua seguindo com coragem e destemida, pagando para ver. Enquanto homens ficam no conforto da mesmice as mulheres vão mudando o mundo.

Se eu pudesse citar duas referencias de mudanças da sociedade moderna eu não teria dúvidas;

 1. A tecnologia, resultado da ciência que rompe com preceitos e com o desconhecido;

 2. A mulher moderna, resultado de sua coragem desaforada, que rompe com os preceitos e com o conhecido.

Agora vem essa pesquisa britânica indicando uma tendência de redução da demanda por prótese de seios.

Nada mais natural e esperado, uma hora chegará e as mulheres descobrirão que:

  • Seios grandes, e maiores que outras mulheres, não serão diferenciais; 
  • Os gostos dos homens passam por outros focos e suas demandas deverão ser consideradas;
  • Na competição com outras mulheres, seios grandes, comuns a todas, não definirão vencedoras;
  • Seios harmônicos, e não os bitelos, serão um diferencial significativo para o sucesso;
  • Seios maiores não significarão os melhores; 
  • A saúde deverá determinar escolhas protéticas;

A conquista de uma estima mais equilibrada levará as mulheres a querer ser mais do que objeto sexual, rompendo de vez com o papel de submissão ao desejo masculino. O papel de objeto sexual é um direito conquistado pelas mulheres mas deve ceder espaço para outras conquistas na sociedade, caso contrário a mulher se reduzirá ao que foi no passado, aquilo que os machos queriam que elas fossem.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

IDEALIZAÇÃO E FANTASIAS

 
SELF

A natureza da consciência ao suprir seu sentido de continuidade, linearidade temporal e espacial e sua capacidade transcendental, preenche seus vazios e vácuos com construções imaginárias que acabam por favorecer e alimentar nosso poder de criação projetivo e imaginário.

Essa característica nos leva, uns mais outros menos, homens menos e mulheres mais, do mundo da fantasia e da ilusão, à criatividade, à construção e elaboração do simbólico e ao estabelecimento de nossos vínculos com a realidade. E nisso somos como que puxados, em decorrência dessa singularidade, a querermos viver o excepcional, como se a vida comum não passasse de banalidade.

Corremos do simples, como se comum e rotina fosse, e a cada minuto a vida nos escapa entre os dedos porque deixamos de viver o presente absoluto em troca dessa transcendente fantasia de futuro imaginário e inexistente, a fantasia de viver o grandioso.

Assim muitos se escondem na ilusão do glamour, do distinguível, do excepcional para compensar a ilusão de que são aquilo que pensam. Abrem mão do que realmente são ou deixam de consolidar suas qualidades para construírem no imaginário a idealização que pensam ser. Isto produz um vácuo seccionando a consciência, dividindo o individuo em dois seres ao duplicá-lo.

INDIVÍDUO, quer dizer indizível, indiviso. Quando fortalecemos a idealização, criamos no ser indiviso, a imagem abstrata imaginária de um ser projetável como imagem, sustentado no vácuo da psique. O indiviso se faz duplo seccionado

As fantasias são assim. Quando as criamos, sustentamos armadilhas de duplicidade numa dimensão desconhecida e frágil. Não sustentar a ilusão é caminho para a simplicidade e para evitar transtornos.

Somos, como consciência, prisioneiros dimensionais, mediando o universo interno com o externo, Esse mediador produtor de imagens, projeta o inexistente e interfere na dinamica do universo externo. O que produzimos reverbera no mundo

Imagine um caminho feito de pó, que precisamos atravessar. Quanto menos marcá-lo, menos interferências e consequências produziremos, menos confusão promoveremos na trama da vida.

Existem os que querem passar como furacão, como ventania e outros que buscam atravessar como brisa. Uns são ruidosos, barulhentos, destrutivos, outros suaves, delicados, se sustentam na leveza do ar.

Quanto menos gritamos, menos nos debatemos, menos monstros acordamos e mais suave se torna o desafio de atravessar essa realidade.

A Trama da rede da vida, no exterior visível se faz ordenada e se dinamiza ordenando-se. Nós somos levados a construir a ordenação na dimensão interior, quanto mais silêncio produzirmos mais ordenação criamos. Quanto menos fantasias criamos mais silêncio produzimos.

Homens pelo princípio de realidade são mais puxados para o exterior, enquanto mulheres pela sutiliza e complexidade de sua estrutura podem tender a níveis mais elevados de construção imaginária. Os homens aprenderam ao longo dos séculos a direcionar sua limitada capacidade para uma objetivida que fez dele pragmático e grande articulista. E as mulheres tendem a mais subjetividade correndo maiores riscos de se perderem no universo das fantasias e do imaginário.

Talves seja um dos grandes desafios da mulher moderna, ao inv´s da conquista no exterior, a superação do imaginário que a distancia da realidade "comum". Quando supera seu desafio conquista mais facilmente sua realidade.

 Se as mulheres inveés de tentarem levar os homens para  as suas fantasias, superarem seus excessos imaginários, conqusitaram definitivamente a realidade sem precisarem se masculinizar.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

LINGERIE VERMELHA

 
A BBC divulgou que pesquisa realizada na Grã-Bretanha conclui que os homens preferem as lingeries pretas. Já o vermelho, é a cor de que eles menos gostam para as roupas de baixo delas.

As mulheres parecem querer desconhecer o gosto dos homens. Segundo a pesquisa, dois terços das mulheres inquiridas acreditam que os homens preferem o vermelho, e 60% delas já compraram calcinhas vermelhas para tentar impressionar na cama.

Eu diria que há confusão: elas fingem querer agradar os homens, mas estão se dando o direito de brincarem com as fantasias que acreditam que os homens fantasiam, ou que viveriam se homens fossem. É como se os homens fossem apenas instrumentos delas para o exercício de experimentação do poder que gostam de exercer sobre os homens. O que pode ser absolutamente delicioso.
Para as mulheres intuirem o que querem os homens precisam pensar na lógica, no desejo, nas carências e demandas dos homens e não como se fossem o seu lado feminino.

Existe diferenças entre homens que optam por mulheres comerciais e aqueles que desejam mulheres mais liberadas e ativas nos jogos sexuais. Os homens necessariamente não querem mulheres prostitutas, mesmo porque isto implica num universo de poder explícito, envolvendo a relação com a mulher sagrada e a profana de forma distinta. Situação em geral bastante complexa na cabeça dos homens, que ainda que não digam, oscilam entre a pasmaceira e a ingenuidade neste território. Se exibem experientes, mas são mais inocentes do que podem imaginar e parecem. Frente à mulher, de igual para igual, o homem precisa de uma atitude significativamente ativa para enfrentar e satisfazer o desejo feminino que quando estimulado mais se assemelha a um vulcão em erupção. Um evento climático de grandes proporções.
Aqueles que buscam prostituta carregam traumas, dificuldades ou desejos obscuros especificos de suas realidades, não representam a maioria mas suas especificidades.

Pense bem: O passado podia ser menos complexo. O papel da mulher como submissa preservava o manto da mulher sagrada. Quando enredados nas fantasias, eles procuravam mulheres profanas que atendiam aos seus desejos sem serem confrontados com o simbolismo sagrado da mulher materna e familiar. Já a modernidade, caracterizada pela igualdade, alivia, aparentemente, o sentido do sagrado e eles se exercitam, com grande heroismo, na busca de reencontrar a mulher fonte do prazer, sem destruir seu significado arquetípico sagrado.

Encontrar uma mulher no escuro de roupa intima vermelha é quase como encontrar o Diabo Nu, assustador. Homens podem se sentir subjugados pela força poderosa da mulher sexualizada.

Naturalmente, se as poderosas vêm de preto, podem assustar menos, mantendo-se sagradas como fonte de prazer e não assustadoras como devoradoras de falus.

Existem com certeza os que navegam com tranquilidade nessas águas turbulentas do prazer. Sabem distinguir a mulher como um ser sagrado, daquele momento que é o sagrado exercício do prazer carnal e passional, mesmo que não se esqueçam que estar mergulhado na alcova com uma mulher é viver muito perigosamente perto do oceano primordial do pecado.

terça-feira, 6 de abril de 2010

GRACE KELLY



Grace Kelly  

Grace Kelly é uma das poucas mulheres no século XX que realizou o sonho arquetípico de quase todas as mulheres do mundo, nascer plebéia e se unir em matrimônio com o príncipe encatado apaixonado. Homens tambem vivem esse sonho arquetípico, apenas o realizam de forma simbolica se casando com mulheres que os escolhem simbolicamente como príncipes, mesmo que depois os tratem como sapos.

Afinal, príncipes e princesas, sapos e pererecas, bruxas e bruxos, povoam nossas fantasias desde a infância. 
Quem nasce príncipe tem o grande desafio de descobrir o principe interior sem cair na armadilha de ter nascido no berço privilegiado. Já vimos principes se transformarem em sapos mor, é o mais possível. 
Mas o grande desafio, o maior de todos é nascer sapo e descobrir o poder de se transformar em principe com a determinação e com o propósito pessoal. O grande desafio é descobrir a nobreza interior, essa riqueza que supera os reis poderosos e que não está no título de nobre mas no aprimoramento do espírito, no brilho da alma que se lapida, na realização dos desígnios de uma vida.

Agora... Mulheres são diferentes, já nascem  brilhantes. 
Se elas soubessem!
Grace Kelly  foi educada como nobre, e
encantou o mundo.
 Mas toda a nobreza de sua vida não foi o bastante para evitar a tragédia de seu destino fatal, ainda que, para enfrentar a tragédia precisemos da nobreza da dignidade.

Por essas e outras é que as mulheres não deixam de sonhar com principes encatados. Pura ilusão e encantamento, divertimento. O desafio é maior do que encontrar principes  verdadeiros. Elas precisam ficar atentas, seus problemas não são os sapos homens ou os principes sapos, são os fantasmas das sombras que habitam seus espíritos que precisam ser transformados em principes, antes que como sapos as aniquilem.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

AMÉLIA MORREU


 Amélia morreu
ela  era de mentirinha


Ai Que Saudades Da Amélia

Nunca vi fazer tanta exigência

Nem fazer o que você me faz

Você não sabe o que é consciência

Nem vê que eu sou um pobre rapaz

Você só pensa em luxo e riqueza

Tudo que você vê você quer

Ai, meu Deus, que saudade da Amélia

Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado

E achava bonito não ter o que comer

E quando me via contrariado

Dizia: Meu filho, que se há de fazer

Amélia não tinha a menor vaidade

Amélia é que era mulher de verdade
Composição: Ataulpho Alves - Mário Lago
Amélia existiu na realidade, era a negação de mulher, de pessoa, de individualidade. Uma pessoa que  acha bonito não ter o que comer só pode ser problemática, tem algum problema na vida, ou com o espelho. Pensando bem ela não tinha vaidade. Eu poderia pensar em gozação de Ataufo e Mário Lago, mas podem acreditar, eles refletiam a espectativa dos homens daquela "era".

Se hoje esse homem existir,
tá na hora dele acordar
antes de levar
uma precatada na testa.
 
Ah! que me perdoem as fãs de Roberto Carlos,
ele foi o último a gravar essa tragédia feminina.
Deve ter sido brincadeira.
      
A verdadeira mulher
não é a mulher que morre por um homem,
 ou por amor,
mas aquela que a cada dia nasce
 como pessoa,
mulher.
 

domingo, 4 de abril de 2010

SEIOS NÃO SEIOS I





Existem diferenças coletivas entre os machos de regiões e ancestralidade diferenciada. A sociedade globalizada ainda não unificou os padrões de interesse, prioridade, gosto, preferências sexuais, focos de seletividade, de espécimes de mesmo sexo, etc. A sociedade massiva não superou a força das diferenças continentais e de gênese.
Com certeza existem padrões que aproximam os homens de continentes e raças diferentes, mas também existem características que os distanciam. O exemplo disso é a diferença entre brasileiros (miscigenados) e americanos (anglos saxões).
Americanos destacam prioridade e preferência de estímulo sexual para os seios femininos e entram em estado de excitação com visões de seios fartos. Homens brasileiros destacam preferencialmente as partes entrecoxais (bundas e vaginas) como preferência absoluta. Excitam-se preferencialmente com visões que anunciam  glúteos fartos, salientes e definidos sinal e indício de vaginas exuberantes e inquietas... mistérios femininos.
As razões dessas diferenças podem ser inumeráveis. Eu me atenho a uma variável significativa. As diferenças entre mulheres brasileiras e americanas na forma como vivenciam a maternidade e como permitem a proximidade entre filho e mãe na vivência da fase de relação simbiótica do filho com a mãe.
A sociedade americana do norte caracterizada como uma sociedade matriarcal (desde os tempos de ocupação da America indígena). Constituída por mulheres que chegaram à America como participes junto aos homens da conquista territorial e que lhes exigiu atitude marcante, positiva e carregada de força, levando-as para um limite de conquista e sobrevivência possivelmente determinou a formação de uma mulher norte americana com uma atuação pragmática, objetiva, positiva e necessariamente guerreira, consequentemente menos submissa aos homens, mais dominadoras, competidoras e castradoras.
A formação desse biótipo pode ter sido determinante no formato como elas desenvolvem essa relação maternal objetiva com seus filhos, relações de menos saciedade, mais frustração e realismo, mais distanciada e afetivamente mais diferenciadas, personalizadas, individualistas e menos simbióticas.

SEIOS NÃO SEIOS II


 

As relações simbióticas mais intensas, em princípio, propiciam a criação de vínculos e de mais dependência, dificultando as separações e a formação de individualidades mais personalísticas, o que é característico das famílias brasileiras mais agregadas. As relações pouco simbióticas ao contrário favorecem as separações afetivas, o surgimento de individualidades mais egocentradas, competitivas e afetivamente distanciadas, protegidas e defensivas, típicas de sociedades quem se agregam a partir de conceitos e mitos e não de afetos, sentimentos e identidades. Possivelmente nestas diferenças possamos encontrar também a manifestação entre brasileiros de um complexo de inferioridade e baixa estima coletivo diferentemente de americanos que desenvolvendo suas relações de separação acaba se superestimando para compensar a mãe abandonica e compensam a dissociação com a formação do complexo de superioridade coletivo que inflam a ausência do afeto.
As brasileiras, apesar da multiplicidade de origens se defrontaram com uma conquista territorial menos selvagem, mais suave e lenta. Possivelmente esses fatores diferenciais permitiram a essas mulheres se defrontarem com menos ameaças, menores resistências na ocupação territorial e a se manterem no papel de submissão resguardando, a feminilidade e a maternidade apoiadas na posição de domínio do masculino (contrário ao papel de igualdade da mulher americana do norte).
Nossa constituição como laboratório racial diferentemente dos nortistas americanos que se mantiveram mais puros com pouca miscigenação, também deve ter favorecido o enriquecimento e troca de experiências afetivas maternas como sociedade mais propicia às trocas. A proximidade afetiva construída entre negro, índios e europeus, que diferentemente de anglo saxões, permitiu maior proximidade multi racial e afetividade consolidando nossa tendência latina à emoção e ao afeto manifesto. Anglos saxões tendem mais à contenção e ao não manifesto afetivo, característica de origens de povos guerreiros que não podiam, no passado, se abater por perdas afetivas decorrentes de batalhas ou de situações climáticas adversas.
Tenho a impressão que a afetividade da mulher latina (no caso a brasileira) permitiu uma vivência corporal, e oral afetivamente mais próxima do que a mulher americana. Os americanos sinalizam uma oralidade não vivenciada devidamente na fase de simbiose, enquanto os brasileiros se desvencilham dessa oralidade pela intensidade do calor afetivo latino e avançam para estágios mais avançados do desenvolvimento, se fixando como foco a genitália feminina.
Neste aspecto a tendência das brasileiras de se armar com bustos grandes, parece que pouco tem a ver com uma suposta preferência do homem brasileiro por seios fartos. Se ele é o alvo elas podem estar equivocadas em seus jogos de sedução, não é questão apenas de visão, mas de interesse. O mais provável é que as mulheres vêm sendo alvo de uma articulada manipulação partindo da associação de interesses entre indústrias de próteses e de mediadores cirúrgicos representantes de uma medicina comercial.
Ou apenas estão realizando uma competição selvagem com outras mulheres realçando o atributo que transforma a mulher em símbolo materno. Se os americanos preferem as mães amamentadoras por que reavivam a relação incestuosa e pervertida projetada na mulher que querem punir, possivelmente isto afaste os brasileiros que tem preferência pela mulher não tão ambivalente, procuram menos a relação edipiana incestuosa e mais a profana com a Eva pecadora. Querem mais descobrir a floresta do que devastar a seiva.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

MYRTHES KOSCKY ANDRADE


Myrthes - 1915...2004


Hoje lembro minha mãe querida, cristã que faleceu numa sexta feira da paixão. O que tenho como graça recebida por ela.
Muito nova formou-se no curso de Enfermagem, encarnou no coração a cruz vermelha e humanitária. Tornou enfermeira chefe do Hospital João XXII, onde trabalhou durante 35 anos. Posteriormente  foi covidada a coordenar o serviço de enfermagem do hospital do ProntoCOR, significativamente no momento em que sofria uma perda emocional que dilacerou seu coração. Mulher  Guerreira de linhagem Germânica, nunca se entregou ao sofrimento. Socorria humanitariamente a todos que lhe solicitavam ajuda. Bondosa, generosa, paciente, muito cedo renunciou ao egoísmo, à vaidade pessoal. Mulher simples, que aprendi a amar e a respeitar não por ser minha mãe mas pela admiração que desenvolvi  observando-a como pessoa e como mulher.
Com ela aprendi a paciência, a tolerância com as diferenças, o respeito a todos, independente de cor, raça ou classe social, e coisas mais que ainda hoje vou descobrindo.

Num poema de C.Drumond de Andrade, ele pergunta:

"Yaya lindinha, o que é  eterno?
Ingrato, é o amor que te tenho!"

Eterno é o amor que tenho por essa mulher,
agradecido por ter nascido de seu ventre,
com ela ter convivido e aprendido.

 Com ela passei a sentir que a morte não  finda a existência,
 para mim ela nunca morreu,
 não existe dia em minha vida
que sua presença não venha me confortar ou
me ajudar a socorrer os aflitos que me chegam. 
   
Mulher que honrou sua natureza,
admirável,
Obrigado, mãe.