sábado, 24 de abril de 2010

SAGRADA E PROFANA

    Francesco Haiez, Madalena Penitente - 1833
Civica Galleria,d'Art Moderna, Milão



No dia de ontem fazia uma leitura de sonhos quando me brotou o que posso considerar um belo Insight, ei-lo:

Cristãos em geral já nascem do pecado, carregando a culpa, mas mulheres tendem, em decorrência da pressão social histórica, a carregar mais culpas do que os homens. A culpa da mulher nasce na ambivalência do conflito entre os conceitos e a imagem de pureza virginal e sagrada e a imagem de pecadora, fonte de prazer e do profano.

Ou seja, a mulher se liberta do eterno pecado na maternidade . É atraída com um ser comum para o prazer, vive a luxuria, peca e se faz mulher da vida, é fecundada, e a gestação, imagem exposta do pecado é sacralizada na maternidade. Aí minha cara, a mulher passará a vida frente ao produto do pecado sacralizado. Inevitavelmente e dificilmente as mulheres conseguem se libertar da culpa, principalmente porque não abrem mão da ideia mítica do sagrado que carregam nem do impulso de viver o prazer do pecado. Dificilmente a mulher se torna humana, ao contrario passa a vida tentando escapar de sua profanação e, vai carrega pela vida a culpa quando focar a construção de sua individualidade e de sua maturação. Corre permanentemente o risco de fortalecer conteúdos psíquicos do imaginário, ilusórios e infantis, não atingindo a plena maturação nesta tentativa de escapar do profano enquanto busca o velo de ouro o poder sagrado.

Naturalmente a natureza colocou a mulher numa situação complexa, um conflito fatal: Nasce mulher, portadora da vida. A geratriz que reproduz dentro de si o mistério da gestação da vida. Ato sagrado da procriação. Natureza que para ser realizada precisa ser vivenciada no pecado como um ser profano e humano.

Provavelmente as mulheres preferissem ser fecundadas pelo espírito santo, o que sacralizaria sua existência maternal sem ter que carregar o peso do pecado, da profanação. Mas se a Bendita mulher que em vida conquistou essa benção viu sua criatura gestada, filho do espírito santo, condenado pelos homens a morrer abatido como um criminoso, crucificado como um qualquer, que destino produzir pecando se mesmo gestando sem o pecado da carne pode-se pagar o preço da dor pela morte do filho santo.

Ser crucificado como o filho da mãe santa, pode ser a solução para não ver o filho sacrificado. E para ter o filho que possa amar, precisa escolher o homem comum e primitivo, precisa, como pecadora, viver noites de amor e se esbaldar na luxuria, e ainda manter-se sacralizada como geratriz da vida.

Parece simples, mas pode ser muito complexo. Parece complexo mas pode ser muito simples.

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