quinta-feira, 22 de abril de 2010

RITOS E LITURGIA II

   Rito Ritmo do Tempo
Ritos nascem do principio de formação do simbólico, sendo, portanto fundamentais do processo de maturação das estruturas psíquicas, são formas simbólicas onde se usa mediadores que favorecem a sintonia a estados de consciência superior, que permitem a à consciência o sentido de união e conexão com o divino, com o universo.

Pensemos: Nascemos de uma natureza num processo em que em nada interferimos, essa natureza tende à formação da singularidade, caracterizada pela constituição de um indivíduo único e diferenciado. Ou seja, tendemos a um distanciamento da natureza como ser abstratos, espírito, desmaterializado, mesmo que exista dentro da matéria do universo como um corpo. Essa, a força de nossa singularidade.

A formação do individuo em sua plenitude, individuação, o associa inexoravelmente ao universo, mas enquanto não atinge esse estado pleno, enquanto existe no estágio de constituição dessa individualidade, ele se faz suscetível a distanciar-se do eixo do mundo e do sentido da vida, se acreditar que sua singularidade é mais forte do que suas origens, se cair na armadilha do narciso, na armadilha do ego. Nesta fase de formação e transição os ritos são formas da natureza de puxar o individuo para sua condição de submissão à força da natureza, indícios para que não se perca na fantasia de sua grandeza sustentada na singularidade.

Assim os ritos nos mantêm distanciados à condição de humildade que não nos afasta do eixo da vida em direção ao mar perdido das ilusões. Naturalmente são muitas as formas que existem para realizarmos esta conexão, e até mesmo um desenvolvimento mental superior pode favorecer essa conexão, mas o rio divino não escolhe por onde passar, qual pedra cobrir, qual cidade privilegiar. O rio divino existe para todos e se o individuo se utilizar de ritos que favoreça a sintonia com o espírito do universo ele não precisa ser douto ou titulado. Ao contrário os doutos que se cuidem, pois o conhecimento mal utilizado favorece a arrogância, a presunção, a petulância, o orgulho, matéria excelente para ser queimada na fogueira das ilusões no inferno dos desesperados.

Mas convenhamos, na evolução humana podemos pensar em corte epistemológico no momento em que o a humanidade rompe a natureza Símia e evolui para “Homo Sapiens”, aquele momento foi resultado da conquista do simbólico, da codificação do abstrato, da conquista da singularidade e isto vem exigindo nesse processo de abandono do primitivismo rumo a evolução ritos de convivência, e liturgia na celebração da relação com o divino.

Eu pessoalmente reservo os ritos para momentos excepcionais na minha vida, e não os percebo como resultado involutivo, ações de primitivos em oposição aos letrados. Ao contrario, os considero como o principio básico na constituição e formação do individuo e em sua relação com o universo, ainda são fundamentais para o equilíbrio psíquico, e se aparecem em sintomas patológicos, afloram como blindagem psíquica para a proteção da psique.

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