sábado, 17 de abril de 2010

A MULHER VÍTIMA DE SI MESMA


             Angelo Morbelli  - "Vendida"  1888
Galleria d'Art Moderna - Turim
Aline, o que você chama de vitimação?

“A auto vitimação... hoje a mulher se oferece para ser cortada. A facilidade com que se oferecem para serem cortadas, imoladas, sacrificadas, na ilusão de que isso é saúde, no condicionamento na sociedade, na cultura médica, e a mulher continua a ser uma ovelha, colocando o pescoço para ser cortado. Cordeiro de Deus retiraí os meus pecados! Mas não retiram seus pecados coisa nenhuma. O pior é isso, elas só se cortam”.

“É mais fácil eu cortar um médico do que ele me cortar, porque eu não vou cortar com o bisturi eu corto no verbo, corto na palavra, mas as mulheres não aprenderam a cortar, elas aprenderam e a serem cortadas, se habituaram ao sacrifício, não suportam o prazer”.

“Na hora em que elas perdem aquele cara que era um inferno, elas arrumam outro inferno. Ela silencia, e daqui a pouco vai arrumar outra coisa que vai gerar dor, porque não suporta o prazer, pois já é tão difícil suportar o prazer da carne, o prazer de ter um organismo, imagine suportar o prazer do espírito que é muito maior e muito mais elevado. E o que entristece é ver que elas não suportam nem sentir o prazer de estar vivas, tem sempre que ter um senão, alguma coisa que ainda falta como se a vida fosse perfeita, tudo nos trincks e qualquer detalhezinho no organismo que não é dentro de um ideal de uma ideia de perfeição, precisa estar sempre sendo reconstruído”.

“É querer reconstruir a carne ao invés de querer construir um vigor espiritual que está deixando todo mundo doente. Falta um vigor espiritual, falta fé na vida, principalmente as mulheres, que por já serem de Lua, ...passam por muitas fases durante o mês, elas mudam organicamente, então não há nem uma forma estável para o organismo feminino. Dizer que o organismo da mulher é assim... não! Ele está assim hoje, semana que vem vai estar de outro jeito, na outra semana vai estar de outra forma, e no processo todo de desenvolvimento da matriz e de apodrecimento de finalização da condição de matriz”.

“Não tem como definir qual é o estado normal de um organismo feminino se ele já não tem em si uma norma, uma normalidade, ele é totalmente mutável todo o tempo. No ciclo da lua assim... como a lua muda... Aí se de repente vai lá, olha (pro céu) a lua tá cheia, aí tá doente. Vamos esvaziar essa lua! Mas ela vai se esvaziar sozinha, as doenças do feminino, são normalmente auto curáveis, porque são passageiras, são como as fases da lua e aí que não é nem doença, é o movimento de ciclos, de cada fase no ciclo, daí interferem nos processo que são normais. O normal da mulher é a anormalidade, a instabilidade, e eles querem estabilizar”.

“Daí que a saúde não se cria sozinha, mas é assim que a mulher pensa hoje. Fazendo formas, dissolvendo formas no seu próprio organismo... Faz até uma forma humana dentro deste organismo, porque não pode fazer outras formas? Mas é viciada em vitimação isso é muito triste porque a mulher é matriz do mundo é a mulher que da forma a novos mundos pela sua própria condição biológica, e elas ficam atacando a matriz todo o tempo”.

“Então o mundo está atacado, e a mulher é a grande responsável pela falência da sociedade humana, porque ela se submeteu mais do que nunca à sociedade patriarcal. Hoje ela é mais patriarca até do que os patriarcas. E a sociedade patriarcal só está se sustentando porque agora as mulheres ficaram patriarcas, porque nem os patriarcas não aguentam mais. Nessa tentativa de ter uma vida igual a dos homens, por inveja do sexo oposto o que e autodestrutivo e ai o império da razão prevalece sobre a sensibilidade feminina e isso é o cordeiro de deus que esta sendo sacrificado”.



Transcrição de parte de diálogo acontecido ontem, no fim de tarde. ao por do sol

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