quinta-feira, 29 de abril de 2010

MATERNIDADE II

              
Se maternidade é preceito feminino natural e se feminino se confunde com mulher, a mulher como ponta evolutiva da civilidade humana carrega na sua origem e na sua ação reprodutiva e na dinâmica de seu desenvolvimento, um desafio que nem sempre apareceu na historia da formação da civilização. Em geral quando precisamos estar focados na ação alheia para minorar o impacto do domínio, acabamos por deixar de lado questões primordiais, mas que circunstancialmente se mostram pouco prioritárias, frente à necessidade de sobrevivência em ambiente hostil, realidade da mulher ao longo do domínio dos homens no passado que ainda teima em existir em algumas sociedades e tribos humanas.

Mas a era moderna neste aspecto é absolutamente favorável ao desenvolvimento e à maturação da mulher, se ela não se perder em acessórios e na futilidade das vaidades e das ilusões. Eu diria que em toda a história humana nunca houve um tempo tão excepcional e favorável à mulher. E Por isso um momento que representa a abertura de oportunidades e de evolução e, portanto de desafios.

Eis o grande desafio da mulher moderna: Se formar como uma individualidade construída em cima de preceitos pessoais resultantes do processo de formação introjetados, conteúdos herdados e conteúdos formados a partir da vivência pessoal, incorporando a experiência pessoal, aprendida, filtrada selecionada e incorporada como preceito pessoal, onde possa se ancorar, abandonando práticas de sentido coletivo, culpas coletivas, justificáveis no passado, mas injustificáveis no presente.

A sociedade de massa parece não facilitar esta construção porque confunde o sujeito (homens e mulheres) induzindo-lhes uma necessidade de aceitação coletiva que tende a transformar-lhe em anônimo e produto manipulável a partir de valores e ideias marqueteiras da indústria do fast consumo.

O individuo fugindo da marginalização com a demanda de agregação em alta e precisando desenvolver uma individualidade consistente acaba repetindo velhos padrões que o transformam em objeto e massa de manobra.

Neste caso o dilema fundamental: como realizar a maternidade sem repetir padrões que transformem a pessoa na repetição da mulher do passado.

Para mim o enigma é crucial, já que grande parte das mulheres não consegue sair da proposta da esfinge: decifra-me ou devoro-te e acabam sendo devoradas repetindo velhos padrões filogenéticos.

Vejam bem: eu não estou falando em conduta afetiva. O afeto é fundamental e referência de formação na vivência materna. Pra falar a verdade no afeto bem expresso se faz a formação do individuo livre, e no mal entendido afeto se usa a necessidade do outro para aprisioná-lo na rede das ilusões afetivas.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário