sábado, 1 de maio de 2010

MATERNIDADE III



Ninguém de bom senso duvida que a maternidade seja uma realização sagrada na natureza das espécies e determinante na vida da mulher. Fonte de vida por onde flui o rio Divino da vida. Mas a mulher não nasceu para realizar apenas a maternidade. A natureza divina não se faria padrasto da mulher lhe dando o peso sagrado da procriação sem lhe dar o direito da libertação. Seria como exigir da mulher o sacrifício de gestar sem o êxtase de transcender. A mulher definitivamente nasce para realizar seu destino coletivo, sentido coletivo, e para realizar sua pessoalidade.

Em principio nós realizamos o sacrifício divino, como filhos de Deus, já que todos estão destinados à morte. Mas se Cristo já nasceu Iluminado, nós como sacrificados temos pelo menos a chance de nos libertar e nos iluminar, em vida, através da conquista e aprimoramento pessoal. A nossa condição é muito mais precária do que a de Cristo, já nascemos pagando o sacrifício sem sermos iluminados.

A armadilha que a mulher vive parece-me esta: Nasce com um destino e dever sagrado de procriar a espécie, mas se extrapolar em seu dever, abandona o dever pessoal de realizar a sua ascensão libertadora como individualidade. Muitas são aquelas que acreditam que o dever sagrado sendo realizado, simultaneamente conquistam a benevolência divina, a libertação pela tarefa e sacrificio concluído. Eu penso que elas se equivocam. A maternidade é um dever relativo, não necessariamente um sacrifício pela dedicação. E não creio que o sacrificio possa levar alguem a outro lugar que não a reles morte e à perda da oportunidade de realizar os desígnios de viver.

Caso contrário mulheres que não realizassem a maternidade seriam sacrificadas, na impossibilidade da libertação pessoal. O que é inconcebível. Mas...

A maternidade realizada com a responsabilidade devida liberta a mulher e não a aprisiona. E quando a aprisiona é sinal de que a mulher em nome do seu dever coletivo e da responsabilidade se esquiva do compromisso pessoal, evita o desafio de ter que se libertar do coletivo, de empreender a jornada pessoal. O que é um excesso e representa uma limitação na dinâmica de maturação da mulher.

A mulher nasce com seu corpo preparado para a tarefa reprodutiva. O homem apenas como um coadjuvante especial. Um não realiza o feito sem o outro. A tarefa do homem não é menos importante do que a da mulher. Mulheres tendem a acreditar que o ato da criação nelas seja mais importante do que a do homem. Engano. Pode ser mais trabalhoso e definitivamente diferenciado, mas não mais importante ou divino.

Podemos e devemos sacralizar a maternidade, posto que Obra Divina, mas não é o divino, não é as Grande Obra, é parte dela. E a chama sagrada acesa com o estopim do homem é naturalmente Obra do Divino que não pode ser considerada como Obra Menor. Quando as mulheres se superestimam e se divinizam, subestimam o homem, abandonam o próprio filho que geraram negando o poder sagrado da maternidade nas outras. O que elas geram presta e o que as outras geram não presta.

Uma pausa: São apenas reflexões em uma manhã de sábado...

continua...

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