terça-feira, 4 de maio de 2010

MATERNIDADE V





Naturalmente quando penso em maternidade concebo uma maternidade que é matriz de vida. Por isso mesmo quando nos deparamos com mulheres que matam seus filhos parece a negação da maternidade nelas, uma negação em grau extremo de abandono.
 
Quando a mulher se vê obrigada a abandonar o filho em decorrência de qualquer que seja a razão, sem o querer passa por um sofrimento incalculável de abandonar-se a si mesma. O acontecimento é devastador para mãe e para filho. Mas mães existem que abandonam seus filhos mesmo os tendo por perto. Essas fazem parte de um biótipo que cresce em número, tanto em homens quanto em mulheres, de indivíduos que não conseguem estabelecer vínculos afetivos consistentes com o mundo ou com as pessoas. Esse biótipo faz parte de uma construção da natureza sociopática que cresce em incidência na sociedade moderna.
 
Não que não existisse no passado, mas a expressão pouco elaborada do afeto neste passado favorecia que esse Tipo, construído pela natureza para momentos especiais da espécie humana, ficasse misturado e pouco notado numa sociedade de poucas manifestações de afeto.
 
Com a evolução afetiva humana, conquistado como resultado do amadurecimento humano, a manifestação do afeto do biótipo afetivo aflorou e fez aparecer o tipo sem vinculo, o não afetivo, aquele que resiste aos sentimentos, se distancia dos vínculo de afeto ou se protege das emoções. Não que não os tenha, mas por possuírem um elevado nível de defesa e armaduras, construídas para evitar sua fragmentação e pulverização como individuo, acabam vivendo como que amortecidos e como que intocáveis pelos estímulos afetivos que envolvem as relações humanas. Esses se afundam em um egocentrismo patológico.
 
Esse tipo manifesto em homens e mulheres, no caso especial da mulher, pode ser suavizado pelo instinto maternal, mas mesmo que mantenham a responsabilidade da maternidade, em geral, evidenciam a dificuldade de criarem vínculos afetivos mais profundos com sua prole. Acabam se mostrando como mães abandônicas. Essas ainda são de uma estirpe melhor do que aquelas que não suportando os filhos gerados se descompensam e aniquilam seus filhotes.

 
Então temos, entre tantos outros, três tipos básicos:

 
  • Matrizes que matam o que criam por desequilíbrio psíquico não suportam a natureza materna; 
  • Matrizes que abandonam afetivamente seus filhotes mesmo mantendo-os próximos; 
  • Matrizes que mantém seus vínculos simbióticos e não libertam, nem se libertam de seus filhos.
                                                                                                      continua....

 Filhos precisam se libertar dos pais matando-os simbolicamente, ou se reconstruindo como individualidade singulares, mães precisam se libertar dos filhos depois de criá-los para que não cometam o suícidio.

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