domingo, 8 de agosto de 2010

CALVARIO DE TODOS



Durante muito tempo, me impressionou a história de um psicólogo que relatei na “Jornada D’alma” que passou pela vida tentando entender o que leva as pessoas a quererem viver. Há muito tempo em também busco esta resposta e uma forma natural de fazer escolhas que me protejam do calvário da vida.

Muitos buscam acumular bens materiais acreditando que isso possa libertá-las. Eu busco respostas e compreensão.

A agonia de Jesus em sua Via Crucix, que é um relato que impressiona a todos os cristãos pelo sofrimento daquele que é chamado o salvador da humanidade, o filho de Deus, sempre me marcou nos seus momentos finais de agonia.

Sempre me marcou porque nunca encontrei uma compreensão teológica, ou justificativa divina para o fato de um pai permitir que seu filho dileto sofresse nas mãos de uma humanidade impiedosa, cruel e estúpida.

Mas uma compreensão vem me satisfazendo depois de muitos anos de obscuridade.

Quando me pergunto: o que leva um ser humano a querer viver? Posso encontrar muitas justificativas no universo sensorial ou na sensação fabulosa de experimentar momentos excepcionais, de descoberta e compreensão dessa experiência: o amor, a conquista, a sensibilidade, as cores, a natureza, a explosão de vida em cores, a magnitude do universo, a descoberta da consciência, sensações plenas de bem estar, alegria, partilhamento, etc.

Mas associado a tudo o que há de bom, a passagem de qualquer pessoa por esse planeta é uma Via Crucix que em nada se diferencia da agoniada passagem de Jesus.

Uma tendência natural é inflacionarmos a experiência vivida por Jesus e desinflacionarmos a nossa experiência. Aumentarmos a agonia do filho divino e diminuirmos a agonia do filho comum, como coisa menor.

Mas se ele com o poder de operar milagres, como filho de Deus, sofreu, nós sem o poder de operarmos milagres e sendo filhotes comuns do divino, também sofremos. Se Deus dá o frio conforme o cobertor a carga que caiu nos ombros do filho divino é proporcional à carga que cai sobre os nossos ombros.

O fato de reagirmos, como pessoas comuns que somos, de forma diferenciada não pode nos enganar. Enquanto uns têm uma força que leva à superação, outros têm uma fragilidade que os leva à não superação, e se a superação de uns os leva ao não sofrimento a não superação dos outros inevitavelmente os leva a muito sofrimento.

Eu posso afirmar:

A vida é uma via Crucix. Se nascemos em pecado, em dívida, a vida é um pagamento severo com o qual temos que arcar.

Muitos se dão bem e aprendem a se livrar desse inferno, outros se chafurdam nessa lama, outros se aprofundam nos sofrimentos, e outros mais se escondem atrás de amortecedores e passam pela vida anestesiados para não sofrerem o impacto da realidade. Muitos se enganam, porque não suportam aceitar a ideia de que a vida possa ser tão dura e perversa. Muitos se escondem, ou mergulham em vícios na busca de alívio ou compensações.

Mas a vida é um calvário.

E o pior, quando não nos preparamos adequadamente para fazer boas escolhas, as consequências podem ser mais danosas.

Nós temos uma chance, talvez, uma única chance: tomarmos consciência de que a vida não é uma festa e passarmos a fazer escolhas assertivas que produzam poucas ou raras consequências, como se aprendêssemos a digerir matéria viva, transformando-as e não deixando resíduos ou o mínimo de resíduos possíveis.

Mas infelizmente, as pessoas saem por ai fazendo escolhas fáceis, e tudo na vida favorece isso, gerando consequências nefastas a elas mesmas.

Esta reflexão não foi feita para despertar desesperança, eu acredito na esperança. Ela foi feita com a certeza de que, o quanto antes tomamos consciência da importância de nossas escolhas, menos riscos corremos de produzir miasmas, resíduos, sofrimento.

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