sexta-feira, 26 de março de 2010

BRUXAS E TROVADORES II



A Bruxa -Salvator Rosa -  1649
Coleção Privada -  

Possivelmente nunca as mulheres tenham estado, para os homens, tão próximas da representação da bruxa quanto nesses tempos modernos. É claro que a puxada para uma margem é compensada com uma puxada para a outra margem. Portanto o conceito só sobrevive se a contraposição for verdadeira: Nunca, em todos os tempos, a mulher foi tão valorizada, adorada e desejada.

As situações de polaridade sempre se mostram muito perigosas porque quanto menores as diferenças ou quanto mais próximos estamos de um ponto comum entre as margens menores são as distancias entre os lados opostos. E quanto mais radicais são as diferenças maiores são os abismos que separam as margens.

Este pode ser um dos riscos que a mulher corre na atualidade: Se superestimar em um grau de adoração que acabe se convencendo de sua superioridade em relação aos homens (numa sociedade igualitária). Dessa forma ela repete o machismo masculino do passado incorporando o pior dos homens e se transforma na bruxa inacessível, poderosa e destruidora em nossa era.

Todos possuem um lado sombrio e pessoal. Mas quando este lado é realçado por uma força coletiva que prevalece, favorecendo o afloramento de nossos fantasmas, ficamos sob o poder das tirânicas pulsões do imponderável inconsciente.

Assim vemos, no dia a dia, a mulher como em permanente batalha contra os homens. Elas se justificam na tirania machista e na defesa da igualdade, mas acabam sendo mais competitivas e guerreiras do que os tolos portadores do “Falus” aeternus.

É necessário superar as defesas neuróticas que afastam o individuo de seu eixo, para que se diminuam as distâncias das margens que separam os opostos, só assim se pode ficar livre das polarizações que induzem à instabilidade psíquica e que nos separam da plena integração em nós e em nossa relação com o mundo.

QUANTO MAIS ELAS EVITAM

MAIS PARECEM SE TRANSFORMAR EM BRUXAS

Estica a pele, o rosto, levanta os peitos, lipa a barriga,
 pinta os pelos, as unhas, encha a bunda, troca os peichos,
esconda as mãos...

A bruxa só pode ser dissolvida quando o lado mórbido for desativado, e incorporado ao todo, caso contrário, independente da roupagem, e das máscaras, ela continuará viva por trás de um sorriso indecifrável de Mona Lisa... rindo de si própria enquanto chora a angústia do trágico destino.

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