quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CARNAL-VAL SAGRADO E PROFANO

  Luciana Gimenez - Vai Vai

A celebração do profano se aproxima com os festejos do carnaval, ainda que verdadeiramente viva-se esse profano cada vez mais o ano inteiro. Se antes a necessidade do profano se compensava com a severidade da vivência ritualística do "sagrado", a modernidade fez opção clara pelo profano que sacia a fantasia do desejo irrealizado, enquanto o sagrado sobrevive como a conexão que nos leva de volta ao eixo do sentido do mundo.

Essa modernidade fantástica de nosso tempo, ainda de transição, abriu as portas para que rompessemos o véu da hipocrisia e do cinísmo. Mesmo que com essa abertura de portal ainda não tenhamos superado esse estado cínico ou hipócrita ou que precisemos de tempo para tão árdua tarefa, o futuro inevitavelmente se mostra mais transparente. Muitos podem acreditar que a incivilidade é que avança, já que a civilidade permite ao humano conviver em grupo com a sujeira alheia, ou com as sobras do desejos da matéria herdados dessa natureza pulsilâmine e compulsiva, de uma forma educada e respeitosa.
Eu continuo acreditando que a experimentação  coletiva, invariavelmente nos levará a uma civilidade mais respeitosa mesmo que indícios indiquem a depravação e a perversão. Sejamos mais leves, convivamos com mais suavidade com as diferenças.

É assim que vejo o carnaval brasileiro, uma festa profana profundamente sagrada, uma ode à vida, lírica e arrebatadora. Enquanto as massas se esbaldam no carnaval vivendo os prazeres da luxúria, ou apenas o prazer de dançar coletivamente, as forças internas e arquetípicas fazem seu trabalho silencioso de transformação da humanidade.
Celebremos!

OBS.: Na imagem do post, Luciana Gimenez, alma feminina, desfilou e brilhou com um macacão bordado com 80.000 cristais Swaroviski, literalmente cristalizada como Deuza ela brilhou como deve ser o destino de todos os seres vivos, o esplendor da criação. 

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