quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

VÉU

Mulher de NIQAB
Saiu na BBC: "Um diplomata dos Emirados Árabes Unidos afirmou ter pedido a anulação imediata do seu casamento após ter descoberto que a noiva – que veste o tradicional véu islâmico niqab, que deixa aparecer apenas os olhos – é estrábica e tem excesso de pelos faciais, de acordo com o site de notícias Gulfnews.com."

No passado as máscaras já serviram para esconder  todo tipo de coisas: Deformações;  Alterações faciais causadas por Doenças Sexualmente Transmissíveis; Deformações causadas por doenças ou anomalias.
Véus como máscaras escondem o Belo tanto quanto escondem o inesperado. É a armadilha da máscara.
No caso noticiado pela BBC, dois problemas facilmente corrigíveis. Os pelos se causados por hormônios podem  ser corrigidos por química ou por radiação e a visão corrigida pela cirurgia. Mas se os vinculos não existem o outro não representa a saciação da fantasia e sim sua frustração. Neste aspecto a máscara alheia atende à espectativa desde que ela alimente a satisfação dos desejos de minhas máscaras. As relações envolvem um compromisso que ultrapassa a dimensão real do ser e alimentam a fantasia do desejo. Como desvendar o veu para encontrar a essencia feminina se ela ja foi destruida na intenção de nascer?

Não se pode ser simplista para acreditar que o veu esconde o belo para que seja apreciado apenas pelo esposo. O véu representa, não apenas simbolicamente, esconder os mistérios da deusa como se quer imaginar, mas anular a construção deste mistério.

O interessante é que a sociedade moderna ainda convive de forma intença com as máscaras do idealizado ainda que venha se desfazendo dos véus que mascaram as intenções do desejo. Diferentemente de sociedades orientais, o ocidente avançou profundamente na construção de relações mais pautadas em escolhas que afastam os riscos imediatos do fracasso da fantasia mesmo que a sustente. E essa é possivelmente uma ação masculina.
Já as mulheres ocidentais, por um lado, se fortalecem em suas possibilidades de escolhas e na construção de individualidades que forjam um "SER" mais consistente, mais liberto; ainda que por outro lado avancem construindo fantasias que alimentem o "mistério" feminino, o  que aumentam suas possibilidades de dominio e de conquista do macho. Ludicamente ou patologicamente aumentam os atrativos sexuais, os comportamentos agressivos, pró-ativos, associados com momentos em que se projetam em papéis de divas, ninfomaniacas, estrelas e mitos, corpos sedutores e perfeitos, seios e bundas exuberantes e mergulham na fantasia da  transformação e metamorfose em deusas do amor e do poder.
Se equivocam os que acreditam que a mulher ocidental se banaliza e se vulgariza. As ocidentais não perderam a possibilidade de construir mistérios, ao contrário, aumentaram significativamente essas possibilidades, mesmo que na sociedade do trabalho se façam e se mostrem mais ativas e másculas, na sexualidade, ou nas relações com os homens compensam se mostrando mais femininas sem culpa ou sem a repressão e o medo de se parecem vulgares e prostitutas.

No ocidente o véu da noiva é claro e transparente e esconde a ninfa que poderá se transformar no objeto sagrado da fonte do amor, a mulher amorosa, ou no mostro profano da madrasta, a mulher barbuda, mulher macho. No oriente o passado já condena a condição feminina à submissão e elas têm menos chance de  se aproximar da metamorfose de mulher em Deusa. A realidade já é por demais castradora, ja destroi na origem a construção da individualidade, da pessoalidade.

Enquanto houver desigualdade entre os seres,
as ações humanas serão destruidoras e retrógradas.
Cultura, Sexo, ou Religião não podem ser fonte para justificar desigualdades.
O homem que bate é o mesmo que impôe o véu do domínio.
Como podemos evoluir  retrocedendo? 

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