segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

TRAVESSIA

Beata Beatrix -1870 - Dante G. Rosseti
detalhe - Tate Galery - Londres
 

Entre o ABSOLUTO SAGRADO e o PROFANO ABSOLUTO, estamos entre duas margens separadas por um rio de prazeres, ou por um abismo de paixões: de um lado êxtases, sensorialidade plena, Harmonia, integração, equilíbrio, vibrações suaves, levemente adocicadas (ocorrem transformações hepáticas e pancreáticas que adoçam o palato, ou transformam as enzimas digestivas na cavidade oral), entre outras; Do outro lado vibrações em profusão e instabilidade, prazeres realçados pela desintegração, instabilidade passional, apegos, aprisionamento sensorial, fragilidade emocional, instabilidade, montanha russa de sensações.

Naturalmente, já nascemos na dinâmica do profano, vivemos mergulhados no seu apelo que parece alimentar um único sentido de realidade e de vida, visível, risível, palpável. Como já estamos inseridos no plasma infernal do Sansara, o movimento pessoal é insignificante, apenas se foca o interesse ou propósito que se quer viver. Muito pouco é exigido para viver o “céu” no “inferno” das paixões.
Se já nascemos no inferno, vivê-lo e se movimentar dentro dele já é matéria sincronizada, já faz parte da realidade.

 O grande e definitivo desafio é superar essa realidade para descobrir outras dimensões sensoriais ou sensacionais da vida. 

O sagrado já nós exige realizar a Travessia, além de determinação e envolvimento. E para atravessar a ponte que separa o profano do continente sagrado, muitas são exigências que se fazem como pré requisitos na tarefa. Não basta apenas o querer. É necessário, definitivamente, resistência mental e emocional para suportar frustrações, desafios, confrontos. Superar batalhas perdidas, derrotas quando se pensa vitorioso, vícios, mazelas, hábitos, ilusões, fantasias, medos, inseguranças, fraquezas, apegos, confortos. Superar caprichos, vaidades e toda a sorte de sedução estética, antiética e amoral. É necessário fibra e paciência para realizar o trajeto rumo à libertação, onde, quando se chega, se é agraciado com as carícias cósmicas do amor divino.

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